A expressão FIQUE EM CASA foi mundialmente utilizada em 2020 e 2021 como ordem para que as pessoas, querendo ou não, se protegessem contra a peste em suas residências. Era o tal lockdown que, ao cabo, serviu mais para quebrar economias e gerar problemas psicológicos, do que para conter a desgraça. Pois, nesta semana, no Brasil, o FIQUE EM CASA voltou como um protesto democrático e de liberdade. Chegamos neste ponto. Se antes saíamos às ruas no dia 7 de setembro para comemorar a proclamação da independência, a democracia, a liberdade, as nossas forças armadas etc., desta vez tudo isso será realmente possível ficando em casa. É o que farei.
Independência
Há independência a comemorar? Se, antes, enfrentávamos com firmeza o globalismo galopante e suas pautas arrasadoras da nacionalidade, o atual governo, em sentido contrário, se rendeu prontamente e, interpretado trocentas vezes pelo ocupante do Palácio da Alvorada, anuncia, requere, pede, suplica uma governança global já parcialmente experimentada durante a peste, e progressiva agora com a “crise climática” criada com esse objetivo. A Amazônia está sendo entregue na bacia climática de fundo falso. Para essa gente vassala, pátria é um termo obsoleto, a nação foi extinta para dar lugar a uma aldeia global da agenda 2030 e a independência foi pro saco.
Democracia
Há avanços a comemorar? Como sabem e sentem todos os brasileiros, vivemos hoje sob uma espécie sui generis de regime. Depois que relativizaram o conceito de democracia, vivemos em palpos de aranha. No arreganho autoritário desta semana, Lula da Silva propõe que as decisões do STF sejam sigilosas, ou seja, ele quer remover da Constituição o princípio da publicidade. Sendo assim, que avanços democráticos comemoraremos?
Liberdade
Há razões para comemorar? Suas liberdades são relativas, o seu direito de propriedade foi relativizado (nesta segunda, o STF decidiu que até as propriedades produtivas estão sujeitas à desapropriação), seu direito à educação de seus filhos está sendo esmagado pela ideologia de gênero que viceja sem pudor em nossas escolas, o direito à arte e à cultura foi manietado por festivais e eventos nos quais só entram canhotos e o progressismo amoral (neste domingo, Nikolas Ferreira – o maior fenômeno do evento) quase foi expulso da Bienal do Livro onde expunha e autografava “A política e o cristão”, filmes conservadores (“O jardim das Aflições”, de Josias Teófilo por ex.) são cancelados, a liberdade de expressão foi contida aos termos politicamente corretos e desvios podem ser severamente punidos. Nestes termos, como comemorar liberdade?
Forças Armadas
Há homenagens a prestar? Por razões que não cabem neste texto, ao longo do tempo a comemoração do Dia da Independência foi também transformada em uma espécie de homenagem nacional às suas Forças Armadas e órgãos federais de segurança como a Polícia Federal. Este ano, em virtude das ações indignas em 8 e 9 de janeiro, as Forças Armadas, especialmente o Exército, tiveram tisnada a sua gloriosa história. Pesquisas nacionais dão conta do enorme prejuízo à imagem de nossas forças, especialmente de seus generais que operaram atos repugnantes como a forma utilizada na prisão de mais de mil brasileiros, a grande maioria sabidamente inocente. Um dos comandantes chegou a pleitear registro no Guiness Book como a maior prisão coletiva da história mundial. Sem contar que, conforme está sendo apurado na CPMI de 8/1, generais podem ter atuado criminosamente para permitir o vandalismo e ajudar na criação da narrativa fantasiosa de golpe. É espantoso, mas revela o nível raso em que se colocam as forças, pelo menos, no andar de cima. Como se orgulhar disso?
Patriotismo
Vejo a pátria está sob ataque interno. Temos um presidente que declarou lutar contra coisas como o patriotismo, a família e a religião. Dessa vez, infelizmente, ele não mentiu como de costume. Todas as suas ações desde a posse vão no sentido de combater o patriotismo que há muito, aliás, ele próprio e a súcia que o acompanha, jogaram no lixo. Foi, queiram ou não, Bolsonaro quem a recolheu, limpou-a, cuidou e reergueu. Durante quatro anos tomamos as cores do futebol e as incorporamos ao nosso dia a dia. Vestir verde e amarelo, ostentar a bandeira nacional, deixou de ser cafona para ser uma representação legítima de luta pelo país. Infelizmente, hoje manda quem presta continência a ditadores de toda espécie, de Putin a Maduro, canta a internacional socialista, comemora a revolução soviética e restaura o cafofo imundo do Foro de São Paulo.
Eis os motivos principais pelos quais não irei às ruas neste dia 7 de setembro. Mas há outros, se considerarmos que o aplauso envolveria o governo que é, por todas as suas ações, um desastre. Algumas informações justificam o abandono da esperança e o repúdio ao governo Lula da Silva:
Política internacional – Lula da Silva alinhou-se com outras ditaduras na tentativa de protagonizar internacionalmente e terminou no colo da China e Rússia;
Política econômica – Lula da Silva já comeu o superávit de 54 bilhões que encontrou e criou um déficit de 76 bilhões, vai tirar em nossa pele com impostos. No saldo do ano, mais de 400 mil empresas fecharam as portas e milhares de prefeituras estão deficitárias ameaçando demissões e greve, o PIB é lamentável e a inflação ameaça desgarrar do controle;
Política social – a pretexto de saneamento dos programas, já cancelou mais de 6 milhões de beneficiários, a maioria no Nordeste faminto por suas políticas anticapital;
Política de saúde – diminuição da idade para tratamento hormonal visando transição de gênero, facilitação do aborto e sustentação da liberação das drogas;
Política de segurança – projeto de desencarceramento de centenas de milhares de presos e fechamento dos clubes de tiro. Lula quer o desarmamento total das pessoas de bem e até agora não anunciou nenhuma medida de combate à criminalidade. Seu Ministro submete a Polícia Federal (nesta terça-feira) a serviço do projeto do chefe e promete uma guarda Nacional ao estilo da Venezuela.
Como se vê, enquanto Lula da Silva faz turismo e mostra o mundo e seus hotéis fantásticos à Janja, o Brasil desmorona. Portanto, se motivo há, é para luto. Vivemos tempos sombrios que merecem reflexão, quem sabe, um pequeno sossego sirva para revigoramento. É preciso pensar e reunir forças para enfrentar a carroça destrambelhada que vem em nossa direção, ou seremos por ela atropelados definitivamente, teremos amputadas de vez a nossa independência, a democracia e a nossa liberdade.
Visitarei amigos, irei à igreja, depois a um churrasco, tomarei uma cerveja, lerei um bom livro… Deixarei meu espaço na rua para que o Lulopetismo livremente dance a mentira, marche a farsa, cante o embuste e aplauda a fraude, ainda que seja à custa de deslocamentos e de manifestantes pagos, da exploração da vulnerabilidade de moradores em situação de rua ou da manipulação de sindicatos pelegos. Este 7 de setembro de 2023, Dia da Independência, como patriotas, democrata e homem livre, comemorarei FICANDO EM CASA.
Valterlucio Bessa Campelo escreve semanalmente no ac24horas e, eventualmente, em seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor Percival Puggina e outros. É autor do livro “Desaforos e Desaforismos (politicamente incorretos)” publicado pela UICLAP, que pode ser adquirido aqui.