“Eu não vou dar atenção para eles, se eles quiserem ficar dez dias protestando, eles podem ficar. E tem mais uma: quem fizer esse fechamento de estrada vai ficar por último, pois é aqui [Seagro] que se faz o acerto, vem aqui para dentro da secretaria que estou disposto a atender qualquer um quem vem aqui”. Essa declaração do secretário de Agricultura de Rio Branco, Eracides Caetano, foi concedida ao repórter Saimo Martins na edição de ontem do ac24horas. Foi a resposta do secretário à manifestação de produtores da Transacreana que bloquearam a estrada reivindicando melhorias de infraestrutura no Ramal Barro Alto.
O site faz um convite ao leitor: compare esta declaração com a cantilena de botequim “Produzir para Empregar”. O que há de comum? Na verdade, as duas ideias dialogam. Embora, a convergência se realize naquilo que a política regional apresenta de mais rudimentar e tosco.
A percepção de Economia contida no slogan “Produzir para Empregar” é tão rasteira, é tão rústica quanto a postura de um secretário que não entende a função enquanto gestor público.
Da cabeça que saiu o “Produzir para Empregar” foi gerado também “Eu vou governar para cuidar das pessoas e não dos macacos”. Com essas criações, associadas à qualidade da gestão expressa na fala do assessor, Tião Bocalom está se revelando em sua essência, a cada dia que passa na administração da Prefeitura de Rio Branco. Bocalom está completo, pleno em ser quem ele sempre foi.
“E tem mais uma: quem fizer esse fechamento de estrada vai ficar por último”. Repare bem o leitor e insista na tolerância para vê se é possível perceber algum gesto republicano em uma fala dessas. Eracides Caetano não entende que um protesto como o realizado ontem só acontece porque a comunidade não foi ouvida antes.
A fala do secretário revela a qualidade do comando: Bocalom transmite de forma equivocada ao apaniguado da Seagro a ideia de que “ter postura firme” é tratar as pessoas como manada adestrada. Talvez seja uma regra adotada na turba do primeiro escalão da prefeitura. Mas funciona como veneno quando adotada para o movimento social e comunitário.
O prefeito trata dessa forma o pequeno produtor porque sempre representou quem está do outro lado da porteira. Sempre foi afeito e andou com intimidade do lado do patronato. Ter que lidar com a agenda da classe trabalhadora sempre foi algo que quase não consegue esconder a antipatia.
A Seagro promove feiras livres e emplacou mudanças pontuais e periféricas no apoio ao agricultor de base familiar porque ignorar o pequeno produtor por aqui é quase impossível. Mas enquanto puder, o tratamento de Bocalom será o que foi demonstrado pela boca de Eracides Caetano.
A postura do secretário de Agricultura de Rio Branco demonstra como Bocalom parece ter nascido politicamente para ser mesmo prefeito de Acrelândia, com todo respeito ao atual administrador. A Capital parece lhe ser um fardo pesado demais.