Desperdício de água, ruas esburacadas, falta de médicos, falta de medicamentos e atendimento precário nos postos de saúde. Esgoto a céu aberto é quase uma marca da cidade. Infraestrutura dos ramais exclui o pequeno produtor agrícola. A qualidade da administração na prefeitura da Capital está refletida em cada um dos pontos elencados. Verdade seja dita: isto é Rio Branco.
Discriminar os principais problemas do município é importante para perceber que a disputa paroquial (exposta em toda imprensa ontem) entre a prefeita em exercício, Marfisa Galvão, e o chefe de Gabinete, Valtim José da Silva, explica porque Rio Branco se desmancha sob o desmando de Bocalom.
Marfisa Galvão, assim como quase toda equipe de Bocalom, não tem dimensão do que é gestão pública. Não faz ideia dos instrumentos formais para poder administrar uma cidade. Esta senhora sambou em uma canoa durante uma alagação. Como secretária de Assistência Social, ela demonstrou que soca todo conhecimento sobre emancipação e sobre Política de Assistência Social em um sacolão. E ainda sobra espaço.
É o que ela entende: Assistência Social= Sacolão. Na intimidade, talvez ela até se orgulhe, olhando ao espelho. “Isso é quase Matemática!” Mas a lógica dela tem razão de ser. Ela foi forjada naquilo que a política acreana pariu de mais tosco. Em um arroubo de rebeldia, quem sabe em um gesto extremo, ela não se arme de decisões judiciais e busque salvação nas trincheiras bem montadas da Chácara Boi Cagão?!
Munida por liminares (para garantir que sua assinatura preserve alguma tinta e tenha alguma valia), estará bem protegida pelo assessor Montana, com cara sisuda e peito estufado. Erguendo os papeis das exonerações, dentes cerrados, sob a segurança do anão ao lado, ela comemora. “Taqui, ó! Eu não falei que exonerava?!!”
Essa senhora apenas reflete a sofisticação de uma equipe que é praticamente toda do mesmo naipe. Exceções raras na Procuradoria e na Secretaria de Gestão Administrativa. À parte isso, tudo o mais segue o mesmo nível. Inclusive (ou sobretudo), o prefeito Tião Bocalom.
Valtim José da Silva não tem postura de arrogância com os colegas à toa. Ele é amigo pessoal de Tião Bocalom. Homem de extrema confiança do prefeito. Não seria exagero dizer que tudo o que Valtim faz tem a assinatura do amigo alcaide. O leitor do ac24horas que já ultrapassou a casa dos 60 anos há de convir que as posturas de Valtim e de Bocalom caem como luva nas personagens Dirceu Borboleta e Odorico Paraguaçu, respectivamente, o assessor e o prefeito da simbólica Sucupira. Ou alguém duvida que Valtim já não tenha entrado no gabinete e falado “Ohhhhhh… Corooooooooneeelllll…. Booooooocalooooom… a vice prefeita disse que…” E Bocalom, com aquele olhar de enfado contínuo, como quem suporta ter que ouvir alguém, interrompeu o obediente assessor. “… Disse o que, Valtim? Fale direito, rapaz!”
A querela entre Marfisa e Valtim, na verdade, tem outros protagonistas. Isso é sabido de todos. As disputas eleitorais que virão e o rompimento com Petecão, associadas à capacidade de administrar da equipe de Bocalom, estão torcendo a paciência do cidadão comum.
Desperdício de água, ruas esburacadas, falta de médicos, falta de medicamentos e atendimento precário nos postos de saúde. Esgoto a céu aberto é quase uma marca da cidade. Infraestrutura dos ramais exclui o pequeno produtor agrícola. O ciclo deve continuar por mais um ano e meio.