O naufrágio de uma balsa que fazia o percurso entre as cidades de Tarauacá e Jordão, no último dia 21 de abril, foi mais uma demonstração da enorme dificuldade que o município enfrenta por conta do isolamento por terra. Jordão é um dos quatro municípios do Acre cujas sedes só podem ser acessadas por água ou pelo ar. Os outros são: Santa Rosa do Purus, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.
No acidente, duas máquinas do tipo “pá carregadeira”, doadas ao município do Jordão pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) foram parar no fundo do Rio Tarauacá após a embarcação bater em um banco de areia nas imediações do seringal Mato Grosso, segundo informações do prefeito Naudo Ribeiro (PSD).
A Transportadora RI, contratada por R$ 40 mil para fazer o transporte do equipamento, pertence ao empresário Raimundinho Damasceno. A reportagem entrou em contato com ele nesta segunda-feira, 1º, para obter mais informações sobre as circunstâncias do naufrágio, mas a resposta foi de que não poderia atender no momento e não mais retornou até o fechamento desta publicação.
De acordo com o prefeito, as máquinas permanecem no local do naufrágio. Segundo ele, uma boa notícia é que elas permanecem em cima da embarcação, o que leva a crer que os danos possam ser menores. Ribeiro também informou que a empresa contratada para o transporte se responsabilizou pela retirada das máquinas do local, mas não disse se há um prazo determinado para que isso aconteça.
Drama do isolamento
O prefeito Naudo Ribeiro afirmou que Jordão é o município de pior logística do Acre por conta da dificuldade para o transporte de insumos pelo rio. Ele relatou que acidentes do tipo não são incomuns na rota entre as duas cidades, inclusive com o registro de mortes, e que essa realidade é causadora de muitas dificuldades para a vida dos habitantes da região, assim como para o desenvolvimento do município.
“Por conta dessa situação, Jordão enfrenta grandes dificuldades para fazer investimentos de infraestrutura. Os serviços de abertura e pavimentação de ruas são exemplo disso, as condições estão muito ruins, nós temos lançado várias licitações e muitas resultam desertas, pois as empresas não querem vir para cá por conta dessa dificuldade para transportar insumos para a cidade. Outro problema é a escassez de muitos produtos alimentícios”, disse.
Ainda segundo Naudo Ribeiro, no período do verão o rio permite a navegação apenas de barcos com capacidade de cerca de uma tonelada. Normalmente, o tempo de viagem entre Tarauacá e Jordão por água varia entre 15 e 18 dias, mas ainda segundo o prefeito, algumas embarcações chegam a passar 22 dias no trajeto. Ele afirma que apesar de ser uma realidade distante, o acesso por terra ao município é um sonho da população.
Atualização – O ac24horas afirmou, inicialmente, que uma das máquinas naufragadas era oriunda de emenda parlamentar do senador Sérgio Petecão. Posteriormente, o prefeito Naudo Ribeiro esclareceu que ambas as pás carregadeiras foram doação do Ministério do Desenvolvimento Regional ao município, tendo o parlamentar atuado para a liberação dos equipamentos e não por meio de emenda. O texto foi corrigido.