COSTUMA-SE SE ESQUECER das grandes figuras políticas, quando estas perdem o mandato ou morrem. Um dos governos mais éticos que vivenciei foi o do professor Geraldo Mesquita, que governou o Acre entre 1975-1979. Tinha como slogan de governo o Quatipuru, bichinho de nossas matas que tem o hábito de limpar as mãos constantemente.
Mesmo tendo sido uma escolha do então presidente Ernesto Geisel, as suas ideias eram completamente dissociadas dos rumos da ditadura. Foi muito combatido pela elite acreana da época, porque fez opção pelo meio rural e pelos seringueiros. Foi incorruptível. Conheci de perto. A competente e generosa professora Edir Marques era a sua secretária de Comunicação, e eu Coordenador de Comunicação.
Um homem de modo simples, mas duro na defesa dos seus ideais de desenvolvimento sem desmatamento. Na sua época criou os Núcleos de Apoio Rural Integrados – NARIs. Onde tinha uma comunidade no campo, colocava trator, caminhão, maquinários de beneficiamento de grãos, geridos pelos agricultores.
Tinha uma rotina: Às 5 horas da manhã, todos os dias, estava presente no estúdio da Difusora Acreana, no programa do Compadre Lico, para falar diretamente com os seringueiros e o homem do campo.
Travou batalhas políticas duras com o MDB, que tinha na sua principal figura na tribuna da ALEAC um orador nato, fustigante, o deputado Alberto Zaire (MDB). Mesquita tinha na Dona Ivinha, sua deusa e cabo-eleitoral ferrenha. Ela, tinha a simpatia que lhe faltava.
Mesquita criou a CILA, CODISACRE, CAGEACRE, COLONACRE – que enfocavam a sua visão de desenvolvimento. Criou a primeira estação de piscicultura do Acre. Depois que saiu, acabaram com tudo, as empresas que não fecharam as portas, viraram cabides de emprego. Mas, Geraldo Gurgel de Mesquita será sempre lembrado na história como um governador probo e ético. Entrou e saiu do governo de mãos limpas.
PODER É PARA SE EXERCER
O GLADSON tem de ficar atento no seu novo mandato, para não permitir a formação de panelinhas na briga por espaços de mando, que prejudicou a sua autoridade no primeiro mandato. Poder é para se exercer. Ou se perde.
FOI MUITO COMUM
FOI muito comum ao longo deste mandato do Gladson, que se encerra no final de semana, secretários se reportarem mais aos parlamentares que os indicaram do que a ele. Ao ponto de até em inaugurações de obras, não ser prestigiado pelo secretariado em peso nos atos.
FACA E QUEIJO
O GLADSON tem dois senadores, oito deputados federais, e a maioria da bancada estadual no seu cercado, não poderá reclamar de apoio político se algo der errado na sua administração. Tem a faca e o queijo.
MUNDO CÃO
RIO BRANCO virou uma cidade mundo cão. Quase que, diariamente, são registradas execuções. Por favor, não venham com números que mostrem vivermos na paz.
CABEÇA DO CORREINHA
O PSDB, onde o único com mandato na ALEAC na próxima legislatura será o deputado Luiz Gonzaga, não vai avalizar a permanência do Manoel Pedro, o “Correinha”, no comando do setor cultural do estado.
MANJAR QUE SE COME FRIO
DEPUTADO Luiz Gonzaga (PSDB), o único a se reeleger quer dar o troco ao atual presidente tucano Correinha, que tentou brecar legenda à sua candidatura. Vingança, diz o velho ditado, é um manjar que se come frio.
ABRAÇO DOS AFOGADOS
OS DEPUTADOS Cadmiel Bonfim (PSDB) e Marcos Cavalcante (PDT) cometeram o erro de focar as campanhas de reeleições em Feijó. Houve pulverização dos votos, e ambos perderam no abraço dos afogados.
CONTRAPARTIDA
OUVI de uma boa fonte do governo de que como contrapartida por não darem apoio à candidatura do deputado Tchê (PDT) à presidência da ALEAC, lhe será oferecida a liderança do governo na próxima legislatura.
OUTRO HORIZONTE
O ATUAL líder do governo, deputado Pedro Longo (PDT), não continuará na função, e no novo cenário da mesa diretora deverá ocupar a vice-presidência da ALEAC.
PRESSÃO NA SAÚDE
O SENADOR eleito Alan Rick (União Brasil) está fazendo pressão pela permanência da médica Paula Mariano no comando da Secretaria de Saúde, e o faz publicamente.
DEFESA ISOLADA
OUVI ontem a uma fonte do círculo mais próximo do poder de que, será difícil a futura vice-governadora Mailza Gomes (PP) convencer o governador Gladson a apoiar a reeleição do prefeito Bocalom. “É uma defesa isolada no governo e no PP”, completou a fonte.
SEM PIRÃO PARA A CALDEIRADA
O GOVERNADOR Gladson está sem moeda política de troca para conseguir espaço na gestão do Lula, e com isso carrear recursos extras ao estado. Tirando o senador Sérgio Petecão (PSD), o restante da bancada federal é toda bolsonarista. Pode levar quilos mandis e sacos de farinha de Cruzeiro do Sul para o Lula, mas sem votos no parlamento não tem pirão para a caldeirada.
NÃO ESTÁ MORTO
O SENADOR Márcio Bittar (União Brasil) saiu baleado da última eleição, mas não está morto politicamente. Terá ainda quatro anos de mandato, e não se sabe qual será o cenário em 2026. Bittar costuma ressurgir das cinzas.
MUNGAU AZEDO
O JORGE VIANA contava ser escolhido para o ministério do meio-ambiente, mas a Marina Silva azedou o seu mingau. Fala-se nos meios petistas que, como opção, poderá gerir o Fundo Amazônia ou ficar numa secretaria que será criada, ligada á presidência da República
VOLTAR COM EMBIARA
NAS DUAS opções acima, equivale ao caçador ir para a mata, esperar voltar com uma anta gorda, e ter que se contentar com uma embiara (caça pequena).
FOCO CERTO
EM QUE cargo estiver no governo do Lula, o Jorge Viana deve focar num trabalho ao longo prazo para disputar o governo em 2026. Não tenho dúvida ser este sua meta.
APOSTAM TUDO NO LULA
O PCdoB e o PT, que sempre foram partidos fortes na antiga Frente Popular do Acre, estão fragilizados. Apenas o PCdoB tem um deputado estadual; mas nem ele e nem o PT têm um vereador na capital. Apostam tudo no sucesso do governo do Lula para ressurgirem.
APROVA NA HORA
UM POLÍTICO da oposição fez ontem o comentário: “O Gladson estará tão forte na ALEAC, que se mandar um projeto criando um conjunto habitacional na lua, será aprovado”. Também, não tenho nem dúvida.
TEM O VOTO
A FORÇA do senador Petecão (PSD) no futuro governo do Lula não está no tamanho da sua cabeça, mas no fato de que integrará a sua base de apoio no Senado, e tem o seu voto. Em Brasília, vale quem tem voto.
BRIGA BOA
UMA BRIGA boa deverá ser pela presidência do diretório municipal do PP, porque a sua composição será importante na montagem das chapas para vereador e prefeito de Rio Branco, na eleição de 2024.
SEM UM NOME
COM o ex-prefeito Marcus Alexandre desfiliado do PT, o partido fica sem um nome de peso para a disputa da prefeitura de Rio Branco em 2024. Era a cereja do bolo.
E NEM SE FALA NELE
QUEM destravou no DNIT o andamento para o início das obras do anel viário de Brasiléia, quando estava no governo, foi o então secretário Thiago Caetano. É bom se registrar, pelo aparecimento de tanto pai da criança.
FRASE MARCANTE
“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo.