Desde a primeira vez que disputou eleição para governador, o atual prefeito de Rio Branco, Tiao Bocalom, usa como mote de sua propaganda política o tema “Produzir para empregar”.
Nas aparições em dezenas de programas eleitorais, Bocalom mais se parecia com a famosa cozinheira Palmirinha a misturar seus ingredientes e temperos que finalizavam suas guloseimas de dar água na boca.
Bocalom sempre se expressava como uma fada que tinha nas mãos uma varinha de condão para solucionar o gargalo socioeconômico do emprego, renda e produção.
Óbvio que qualquer processo produtivo encerra na geração de empregos. Portanto, o termo genérico produzir para empregar é redundância.
Finalmente, em 2020, o povo da capital deu a Bocalom a oportunidade de tirar seu discurso salvador do papel ao elegê-lo prefeito. E foi aqui que o discurso dele virou fumaça.
Nem o caráter municipal da disputa eleitoral deu ao autossuficiente Bocalom a humildade e o discernimento necessários para falar que as atividades e as potencialidades de uma administração municipal estão muitos distantes para atingir o propósito dele e o cumprimento da encantadora promessa que ele fez ao longo de quase duas décadas.
Fato é que produção e emprego não germinam em terras adubadas apenas com lábia, saliva e soluções fáceis.
Em quase dois anos de gestão não se tem conhecimento de um pé de coentro produzido a partir do apoio municipal ou de qualquer empreendimento cuja atração tenha o prefeito como padrinho.
A cobrança popular não é desmedida, pois dois anos é tempo demais para quem já tinha a fórmula pronta há anos e dava lições professorais em seus adversários.
Gerar empregos não é tarefa fácil. Raros são os investimentos que teriam o Acre como destino.
Há regiões brasileiras onde as condições econômicas são mais competitivas e atrativas e, mesmo assim, não conseguem atrair inversões.
O fato concreto é que ainda não fazemos parte do circuito do desenvolvimento nacional.
Por enquanto, no Acre, a construção civil seria o caminho mais fácil para prover ocupações temporárias de pedreiros, ferreiros, carpinteiros etc.
O estímulo à agricultura familiar também seria uma extraordinária arma de geração de renda, mas já estamos no final do segundo verão da gestão Bocalom e a pequena produção agrícola não chegou aos mercados.
O certo é que Bocalom disputará a reeleição em 2024 (disputará mesmo?) e a única novidade será o funeral do slogan “ Produzir para empregar”.