Se, como conservador, me detive antes na análise da performance do candidato mais progressista ao Senado (do PSol) na sabatina do ac24horas, me ponho no dever de criticar a passagem na mesma mesa da mais conservadora candidata ao Senado, a professora Marcia Bittar, do PL, em aliança com o PMDB e outros.
Os temas são os mesmos e as perguntas quase idênticas. O formato do programa é horizontal e prima pelo respeito ao inquirido como, aliás, deve ser. O ac24horas zelou pela urbanidade na série de entrevistas, de modo que nenhum dos três experimentados jornalistas se colocou como algoz ou adulador de nenhum dos candidatos. Ao fim de uma entrevista honesta com candidatos, o expectador deve se lembrar das respostas e não da ferocidade ou ardileza do perguntador. Terminada a série, é lícito dizer que todos tiveram a oportunidade de tranquilamente esboçar, na medida do possível, suas convicções, seu lado, suas posições.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a Marcia Bittar entrega desde o início, sem freios, o lado a que pertence, a que princípios (valem mais que Leis) se filia, que posicionamentos dela se pode esperar no Senado. Diferentemente de outros, ela não titubeia em repetir que o negócio dela é com valores fundamentais e não com conjunturas móveis e alternantes. Sabe-se claramente que ela é de direita, conservadora e bolsonarista.
Em segundo lugar, é importante considerar que sua fala vem amadurecendo durante a campanha e ela adquiriu total domínio do ambiente, da sua posição na cena e, principalmente, da temática com a qual o cargo que pleiteia faz interface política. Demonstra, pois, consciência do seu papel em caso de vitória, ou seja, lastrear na Alta Casa o conservadorismo em que se assentam as medidas do presidente da república, além, é claro da condução da economia e interesses nacionais.
Em terceiro, a Marcia não tem papas na língua para demonstrar sua crença religiosa. Em momentos como os atuais, em que para a velha mídia ser cristão é um gravíssimo atentado à razão, apontar para Deus como Senhor do Universo, dadivoso e bom, e olhar para a terra como sua criação generosa, é de uma grande coragem. Anticristãos não devem se sentir representados por ela.
Em quarto, a candidata não faz concessões ao progressismo imposto de goela abaixo. Escola instrui, família educa, adulto faz o que quer, bandido tem que cumprir sua pena e ponto final. A tentação mimizenta do feminismo de um lado só e do gayzismo festivo não seduziu a candidata.
Em quarto, a candidata se posta frontalmente contra o ecologismo de gogó que ao mesmo tempo imobiliza a economia e sacrifica o povo, enquanto faz jorrar de todos os esgotos possíveis mais de 30% das doenças, especialmente de crianças. A referência que fez à questão sanitária é um calo para aqueles que durante décadas se desviaram do problema e ainda hoje fazem cara de egípcia quando se toca no tema. Eis o mais gritante problema ecológico do Acre – o maltrato com o saneamento básico.
Em quinto, ao falar da produção rural, o faz com muita convicção. Planta, rega, colhe, transporta, industrializa e comercia. De preferência, mais e em mais lugares para que se tenha escala e alcance mercados externos com competitividade e segurança logística. A ligação C. Sul-Pucallpa mais uma vez entra em cena com justa razão. Será necessário rever os limites de reservas? Por que não? A não ser que haja uma nova religião dogmática, cujo mantra é preservar 80% e algum Deus irmão da Pachamama proíba a todos de falar no assunto.
Em resumo, o eleitor acreano tem na candidata Marcia Bittar uma opção que se coaduna perfeitamente com perspectiva bolsonarista, cujo mote principal é a contenção no Brasil do progressismo galopante que vem seduzindo e desgraçando os países vizinhos. Marcia é Bolsonaro, ponto final. Foi o que entendi.
Valterlucio Bessa Campelo escreve todas as sextas-feiras no ac24 horas e, eventualmente, em seu blog, no site Conservadores e Liberais do Puggina, revista digital NAVEGOS.