A coluna anterior, em que trato de como a esquerda é, por sua natureza, anticristã, trouxe às minhas redes sociais alguns ratos que saíram de seus buracos ideológicos para, sem contraponto ou qualquer argumento, me insultarem e ameaçarem. Pela irrelevância, não me importunam, mas me sugerem que devo ser mais didático. Dedico ao tema, mais esta, lembrando que não se pretende, nem poderia, fazer neste espaço um tratado sociológico com a profundidade de um versículo inexistente, se é que me entendem.
Vamos à principal referência da ideologia nefasta que, em 50 tons de fracasso, sustenta a esquerda até os dias atuais. O que disse Karl Marx, a respeito? Com pouca originalidade, visto que outros intelectuais antes haviam referido praticamente do mesmo modo (não é seu único plágio), Marx disse: “A miséria religiosa é a expressão da miséria real em um sentido e, em outro, é o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem coração, o espírito de situações em que o espírito está ausente. Ela é o ópio do povo”. Aí está. Marx considerava a religião – qualquer religião, a alienação do crente, uma espécie de refúgio negacionista (palavrinha da moda) da condição do homem como ser social, de modo que seus problemas eram transferidos a um Deus imaginário e a um plano superior, o que levaria ao “conformismo” na terra e à manutenção da relação opressor/oprimido.
Marx propõe a emancipação do homem para resolver seus problemas de injustiça, e nela (na emancipação) inclui a negação da fé. Seria preciso que o homem se livrasse de Deus para que enfrentasse sua condição, ele próprio, munido tão somente de seu arsenal material. Obviamente, isto é básico para sua teoria, vale dizer, não haveria condições de conciliação do materialismo científico com a religião.
Com novas interpretações e lustros filosóficos, o mesmo pensamento foi atualizado pela Escola de Frankfurt e seus membros mais proeminentes a partir da teoria crítica de Max Horkheimer. Sem exceção, todos eles obliteraram ou deturparam a transcendência em seus modelos de sociedade.
Nesta terça-feira, em Curitiba, um desses ativistas anticristãos que costumam se esconder nas cavernas partidárias, o vereador Renato Freitas, do PT, foi cassado. O motivo foi a invasão e o vilipêndio que promoveu na igreja católica Nossa Senhora do Rosário, na capital paranaense em 5 de fevereiro. O militante parece ter errado o caminho de uma mesquita entre tantas que existem em Curitiba e foi achar justo uma igreja católica, como se perante Nossa Senhora pudesse exibir sem constrangimento seu discurso belicoso e ressentido contra as liberdades. Não pode. Quebrou a ética parlamentar e foi corretamente punido.
Vamos ao segundo ponto, o aborto. É bem verdade que na União Soviética, ainda sob Lenin, houve uma campanha CONTRA o aborto. Oxente! E então, como podem ser abortistas? Explico. É que o Comissariado do Povo para a Saúde Pública, uma espécie de Ministério da Saúde do governo comunista, estabelecia que o aborto somente poderia ser autorizado e, livremente até o terceiro mês, se realizado pelo Estado. Ou seja, a questão não era a vida do feto, mas o poder do Estado sobre as liberdades individuais. Cem anos depois, a esquerda mofada, agora engrossada pelo feminismo militante, pretende a mesma coisa. Foi o que Lula disse recentemente, sob aplauso de sua malta, em voz alta e clara: “Toda mulher deveria ter o DIREITO ao aborto que deve ser oferecido gratuitamente pelo SUS”. Socialista não dá valor à vida, nem em seus primórdios nem agora. Seu negócio é controlar e dominar a sociedade através do Estado.
Vejamos o caso recente da garota de onze anos que fez, depois de decisões contra e a favor, o aborto de uma criança já em seu sétimo mês de gestação. A grande mídia, dominada pela esquerda tanto quanto as esferas judiciais, defendeu com unhas e dentes o assassinato da criança dentro daquela outra criança. Feito o aborto, a esquerda festejou a morte como nunca antes neste país. Esqueceram, porém, de dizer que o pai era seu irmão (enteado de sua mãe) de apenas 13 anos, que não houve violência física e que a relação entre os dois era consensual. Portanto, a esquerda não apenas mata crianças, também esconde o cadáver.
A compaixão nunca foi um caráter próprio dessa ideologia malsã. Invariavelmente, seus métodos incluem sangue. Como mostra este vídeo, ainda que falsamente citando a Bíblia (a imbecil não sabe o significado de redenção), a esquerda sempre quis ir à luta disposta a derramar o sangue dos inimigos. Mas precisa incluir crianças viáveis nas barrigas de suas mães? Não precisa, mas não importa, desde que atenda a um grupo nele incrustado, neste caso, o das feministas, que lhes servem fielmente (trato do feminismo depois).
Sim, esquerdistas, anticristãos e abortistas, sou das antigas, já passei do sessenta, sou de um tempo e um lugar em que ao morrer uma criança dizia-se que ia pro céu um anjinho e cantava-se incelenças. Sua fúria assassina ao recair sobre não-nascidos os separa de Deus eternamente, embora haja dentre vós quem se diga cristão.
Uma incelença para a Virgem Maria
Cedo essa alma vai embora
Foi arrancada sem ter visto a Luz
Seus irmãos não a conhecerão
Seus irmãos não a conhecerão
Duas incelenças para a Vigem Maria
(…)
Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Puggina e em outros.