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De bucha

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Em duas oportunidades escrevi minhas impressões sobre a senadora Mailza Gomes, do PP.


A primeira, quando estive no escritório dela a convite do ex-vereador Joelson Pontes; a segunda, em um ato de filiações realizado na sede do PP.


No seu quartel general localizado no final da Av. Getúlio Vargas, disse-lhe que ela fazia um bom mandato, cujos resultados não deixavam em nada a desejar se comparado com os demais parlamentares acreanos. E acrescentei a parte desagradável e deselegante da minha opinião: por nunca ter disputado uma eleição, por nunca ter abordado temas polêmicos, o maior desafio dela seria sair da “bolha” de não ter uma memória e militância eleitoral como têm seus concorrentes.

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Até lhe sugeri que sua assessoria levantasse temas e bandeiras políticas que a fizesse sair da mesmice de do anúncio de supostas liberações de emendas e que fossem capazes de fazer seu nome ser discutido nas rodas políticas. Que, ao menos, tentassem uma forma de espocar a “bolha”.


Em outras palavras, que acrescento agora: além da qualidade da melodia e letra, uma música só cai no gosto popular se estiver tocando nas rádios e televisões.


Infelizmente, tenho que dizer que a senadora não saiu da bolha e não há mais tempo para isso.


De pouco adiantará o apoio irrestrito de seu afilhado político, o prefeito Tiao Bocalom, que lhe devota gratidão. Além da transferência de votos ser algo extremamente difícil, a popularidade de Bocalom não é sintoma para um bom cabo eleitoral capaz de influenciar o eleitorado.


Em diversas colunas políticas, aliados da senadora até tentam argumentar que, em 2020, o principal fiador de Mailza também não aparecia bem nas pesquisas.


Propositalmente, esquecem que Bocalom era detentor de uma memória eleitoral decorrente das diversas vezes que disputou eleições para prefeito, governador e, por último, deputado federal, que apesar de não ter sido eleito, foi o quinto mais votado.


São dois casos sem nenhuma semelhança.


Resumindo: há 30 anos, Bocalom não fez outra coisa na vida senão disputar eleições. Seu nome foi demasiadamente falado e discutido no Estado.


Tanto a senadora Mailza quanto seus assessores e fiadores deveriam entender que não deu para se viabilizar.


Que, então, culpem-se por isso.


Quem concorre numa eleição majoritária não pode ser candidato de si mesmo. O pretendente tem que ter admiradores fora do seu círculo remunerado de amizades.


Esticar ainda mais essa corda é expor, negativa e deliberadamente, a reeleição do governador Gladson Cameli.

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Não é segredo para ninguém que Tião Bocalom moverá céus e pedras para tentar impedir a reeleição de Gladson. O prefeito ainda não engoliu o apoio dele a Socorro Neri.


E estimular a manutenção da candidatura que não decolará é um dos meios que o prefeito tem para ir à desforra.


E mais: com Gladson no governo, Bocalom deduz que não terá o apoio dele em 2024, quando disputará a reeleição para prefeito. Então a hora de tirar Gladson do meio é agora.


Da mesma forma que fui positivo e indelicado no primeiro encontro que tive com a senadora ao dizer-lhe que esta estava envolvida numa bolha quase intransponível, com todas as desculpas vou dizer-lhe outra: Bocalom não está nem um tiquinho preocupado com o sucesso de Mailza.


Seu alvo é atrapalhar o governador. Caso contrário, o prefeito não dividiria o apoio dele com a deputada federal Vanda Milani, candidata ao senado na chapa do seu preferido ao governo, o senador Sérgio Petecao.


Espero que ela não carregue o peso na consciência de ter sido um pedra de tropeço no caminho do candidato do seu próprio partido, que lhe entregou um mandato de quatro anos de senadora sem quaisquer ressalvas ou condições.


Não se permita ser feita de bucha, senadora.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com


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