O CipódCast do último sábado,12, programa transmitido pelo canal Na Ponta do Cipó no YouTube e redes sociais do Ac24horas, entrevistou a neuropsicóloga, Sirlene Penedo. Ela onde afirmou que atendia em média 12 pessoas vítimas de tentativa de suicídio no Pronto-Socorro da capital.
De acordo com a especialista, dos 12 casos, 5 eram de crianças. “Logo que me formei, tirei um mês das férias de uma psicóloga no PS, onde trabalhava no setor que atendia pessoas com tentativa de suicídio, eu fiquei em choque, pois, eu saía do plantão com um número de pacientes, quando voltava tinha em torno de 12 novos pacientes e mais ou menos 5 crianças de 9 a 12 anos. Eu não imaginava o quanto era comum essa tentativa em crianças e isso me chocou”, relembrou.
A especialista ressaltou que não costuma atender pacientes com depressão. “Hoje eu não costumo atender pacientes com depressão, pois, é um trabalho de formiguinha que tem que ser feito e eu já falo logo que não dou conta. Não é um diagnóstico comum, mas precisa de muita paciência”, declarou Penedo.
A profissional contou que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento onde a criança nasce com um desenvolvimento atípico, diferente e sem cura. Segundo ela, o cérebro da criança nasce como se tivesse desconfigurado, com dificuldades de socialização e de interação, além de interesses repetitivos. “Não existe cura para o autismo, a gente faz terapias em questões de sintomas, ou de prejuízos. Têm crianças com autismo que têm prejuízo na fala, aí faz fonoterapia. Tem criança com prejuízo comportamental, aí é com a psicóloga e tem criança com prejuízo sensorial, e aí é com a terapeuta ocupacional. Então, não existe a cura, mas o tratamento do sintoma. Quanto a medicação é a mesma coisa, a medicação é dada conforme o sintoma. Criança que não consegue dormir, recebe a medicação para dormir, tem algumas que tem agressividade, irritabilidade e desatenção e é medicado em cima disso, do sintoma. O diagnóstico está vindo cada vez mais cedo, antes eu avaliava pacientes de 9/12 anos, agora os pacientes vêm com idade bem menor, de 2,3,4 anos. Mas, meu público maior é de 2 anos, cerca de 80%. É possível avaliar com uma idade menor, mas nessa fase os sintomas são mais perceptíveis, pois a internet, apesar de ter muita fake news, também tem muita informação e ajuda os pais a perceberem os sintomas. Os mais visíveis são atrasos na fala, andar na ponta dos pés, e são mais fáceis de notar. Avaliamos uma criança pelo seu comportamento em casa, então eu posso avaliar uma criança de 7 meses e uma de 2 meses, eu só preciso ter conhecimento dos comportamentos que uma criança tem nessas fases”, comentou.
Sirlene disse ainda que tem como avaliar se uma pessoa adulta tem autismo, porém, é necessário um diagnóstico mais aprofundado. “A diferença entre uma criança e um adulto autista é que para avaliar um adulto eu preciso saber o comportamento dele quando ele tinha 3 anos de idade, ou antes. Por isso é tão difícil chegar a um diagnóstico de TEA em adulto, pois as informações dessa fase não são fiéis, e acaba que pode ser confundido com TDAH, ou com outros sintomas, como a esquizofrenia e ansiedade. Para avaliar um adulto com TEA ele tem que ter os mesmos prejuízos que uma criança, dificuldade de comunicação social, dificuldade em socializar. E elas têm muitas dificuldades, pois levam tudo ao pé da letra. Quando o adulto é muito inteligente sem nenhum déficit de inteligência, então ele começa a mascarar os sintomas, para não ficar perceptível o diagnóstico, por isso é muito difícil a avaliação em adultos. Mas, a base para diagnosticar um adulto é sempre a mesma. Dificuldade na comunicação social e também são muito metódicos”, declarou.
Por fim, a profissional falou de como ocorre a avaliação do TDAH – que é um diagnóstico de déficit de atenção onde as pessoas costumam procrastinar no trabalho, por exemplo. “Deixar pra fazer as coisas depois. Para avaliar o TDAH, assim como o autismo, ele também tem que acontecer na infância. No autismo a idade é 3 anos, já no TDAH não tem definição, mas fala que tem que ser antes dos 12 anos. A criança com TDAH os prejuízos são notados mais na fase escolar, entre 6 e 7 anos. Quando a criança começa a ser desatenta ou muito hiperativa, este último é o mais fácil de diagnosticar”, ressaltou.
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