Há mais de um ano, a servidora de uma empresa privada que pede que apenas suas iniciais sejam divulgadas, vive em profunda tristeza. Tanto que há apenas 1 ano e 5 meses, K. L. R, 31 anos, teve coragem de lutar pelo que considera justiça.
Em setembro de 2020, mais precisamente no dia 22, ela foi para sua última consulta de pré-natal, onde o médico confirmou que a gestante já estava com 1 centímetro de dilatação e que passasse a ir ao hospital de 2 em 2 horas.
“No dia 24 fui ao Santa Juliana como ele havia me pedido, eu fui atendida e o médico plantonista verificou que eu estava com 1 cm ainda e me orientou a procurar o hospital somente daqui 3 dias, então vim embora para casa. Mas por volta das 12 horas do mesmo dia eu comecei a sentir dores e perder um pouco de líquido, então por volta das 21 horas voltei ao hospital e o médico plantonista me atendeu e disse q eu ainda estava com 1 cm e disse para eu ir para casa e só retornar se houvesse sangramento ou a bolsa estivesse rompido, então voltei para casa sentindo dores. Na madrugada comecei a sangrar e voltei ao hospital o mesmo médico me atendeu e me deixou em observação. Passei a noite toda sentindo fortes dores e somente as 08 horas da manhã fui atendida. Foi feito o toque e já me disseram que o sangramento não era normal para 1 centímetro e então me falaram que iriam fazer um exame de sangue para ver se não era uma infecção urinária”, conta.
A mãe continua o seu relato de dor conforme registrado no boletim de ocorrência. “No outro dia, por volta de 10 horas, um outro médico me atendeu, perguntaram se eu já tinha abortado, se era a primeira filha e se alguém da minha família tinha alguma deficiência. Continuei em observação sentindo fortes dores e sangrando muito. Passei todo o dia sangrando e sentindo dores. No início da noite, quando não aguentava quase andar de dor e fraqueza, então me examinaram, eu perguntei se não teria como ser feita uma cesárea e me informaram que não, já que era a minha primeira filha e que a dilatação estava ótima”, explica. e verificou que eu estava com 6 centímetros e que iria me encaminhar a sala de parto eu perguntei se não teria como ser cesárea e ela disse que não pq era minha primeira filha e que a dilatação estava ótima”, conta.
De acordo com o relato da mãe, o parto só foi feito na madrugada do dia 26. “Às 9 horas da noite eu não aguentava mais de tanta dor e o médico mandou aplicar um Atroveran que não serviu de nada. Apenas 1:10h da madrugada do dia 26 foi que a minha filha começou a nascer e mesmo não tendo tanta força pediram para eu fazer força e como viram que não estava conseguindo me colocaram no oxigênio e foi então que a cabeça da minha filha começou a sair, mas eu não tinha força e ela voltou. Me deram um remédio para me ajudar a dar força então ela nasceu, laçada, sem chorar e teve que ser reanimada, pois o cordão umbilical enforcou minha filha. Ela foi encaminhada às pressas para UTI, conseguiram reanimar, mas ela teve uma parada cardíaca e faleceu. Meu esposo chegou no hospital assim que tudo aconteceu e o médico ainda teve a coragem de dizer que eu era a culpada porque não tive força suficiente para ajudar minha filha nascer”, relata.
Ao registrar o boletim de ocorrência, a mãe conta que não tem dúvidas de que a morte de sua filha foi negligência médica e que a demora para procurar a polícia foi causada pela dor da perda. “Eu não tenho dúvida nenhuma. Passei esse tempo todo porque não tinha forças, tava doendo tanto que eu não tinha coragem de mexer com isso, mas agora quero justiça”, diz.
O boletim foi registrado na Delegacia da 3ª Regional e o inquérito vai ser conduzido pelo delegado Judson Barros.
O ac24horas procurou o Hospital Santa Juliana e aguarda um posicionamento da unidade hospitalar que será publicado assim que for disponibilizado.