Apesar da popularidade batendo nas nuvens dos céus do Acre, Jair Bolsonaro não tem, após 1.000 dias de governo, uma obra sequer para chamar de sua no Estado.
No Acre, o Parque da Maternidade, a BR-364 até Cruzeiro do Sul, incluindo as pontes sobre todos os rios, a BR-317, com extensão até o Pacífico, as encostas do Calçadão da Gameleira com seu casario, são todas obras que brilham nos portfólios dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O eleitor acreano sempre foi muito simpático ao PSDB, em detrimento do PT de Lula e Jorge Viana.
O Acre foi um experimento nacional de cruzamento de cobra com jacaré, quando os tucanos e companheiros, em 1998, se uniram em torno de Jorge Viana, enquanto o pau quebrava no Brasil e Lula perdia mais para Fernando Henrique.
Deixando as divergências de lado, o acreano honesto não pode reclamar da atenção dispensada ao Estado por FHC tampouco por Lula e Dilma.
Se perdemos o bonde do desenvolvimento nacional, a culpa deve ser debitada única e exclusivamente aos nossos governantes, pois dinheiro não faltou. Como se diz no bom acreanês: foi grana no balde.
Nem com todo esse cabedal de gentilezas financeiras, FHC ou Lula ousaram vir ao Acre para empurrar goela abaixo, com areia, nomes de candidatos para disputar quaisquer cargos eletivos.
Já com Bolsonaro a conversa está sendo diferente: os aliados dele não escondem que o presidente quer porque quer eleger no Acre alguém para ocupar uma cadeira no Senado.
A escolhida para disputar a vaga é a ex-mulher do senador Márcio Bittar, a senhora Márcia Espíndola.
Separados na alcova, mas unidos como unha e carne na política, a dupla anuncia que o partido que abrigará a candidatura será o mesmo do Bolsonaro.
Aqui cabe perguntas: se o presidente se filiar ao PP, a candidatura da atual senadora Mailza Gomes irá pro vinagre?
Como ficarão as pretensões já manifestadas pelos deputados federais Alan Rick , Jessica Sales e Vanda Milani, todos bolsonaristas de carteirinha?
Sinceramente, acho que quem deve estar gostando dessa fuzarca toda é o ex-governador e ex-senador petista Jorge Viana.
Na ânsia de eleger um senador no Acre, Bolsonaro, por tabela, ajuda um petista. E não canso de repetir: atualmente, o presidente é o maior cabo eleitoral de Lula.
Como Bolsonaro, a preferida dele não terá como dizer que já fez alguma coisa pelo Acre para merecer como prêmio um mandato de tamanha envergadura.
Ao contrário, mais um Bittar em campo seria um tragédia para o Acre. Atrevo-me a deixar registrado para o governador Gladson Cameli: se, indisfarçadamente, Márcio Bittar, sozinho, já “se acha” o dono da bola para ditar regras, imagine como seria o jogo tendo ele como dono de duas bolas, digo, dois mandatos nas mãos.
Algo parecido aconteceu em 1982 quando o presidente João Figueiredo tentou empurrar para uma cadeira no Senado o jornalista acreano Said Farhat, que fora seu ministro da Comunicação Social, e este levou uma acachapante derrota do médico Mário Maia.
Tomem nota: este será o destino de Márcia Espíndola.
Luiz Calixto escreve no ac24horas todas às quartas-feiras