Numa bela manhã do dia 1º abril de 1964 (não era mentira) a cidade acordou com soldados e veículos militares na praça em frente ao Palácio, Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça.
O governador, eleito democraticamente pelo voto impresso, foi despertado pela violência do ato sob as ordens de um certo capitão. Segundo as ordens do Castelo, deveria ser um coronel, mas, nessa aldeia, tinha que ser um capitão tosco, grosseiro e violento que destituiu o governador do cargo em nome de Deus, da pátria e da família.
Do mesmo modo, a Assembleia Legislativa foi tomada por soldados armados. Os deputados foram obrigados a empossar o novo governador fardado sob baionetas. Os que resistiram foram cassados. No Tribunal de Justiça a velha nova ordem foi aceita passivamente, até mesmo, determinando a prisão de adversários políticos com base na famigerada lei de Segurança Nacional.
Daquele fatídico ano por mais de 20 anos não se teve eleições para a escolha de presidentes, governadores e prefeitos. Senadores e deputados foram cassados. Fazer manifestações, nem pensar. Vidas se perderam. Começavam os anos de chumbo. A imprensa foi amordaçada, silenciada. A morte chegava truculenta.
Políticos, estudantes, religiosos, jornalistas, escritores, músicos foram presos, torturados, mortos nas dependências de delegacias, sítios e quartéis ou exilados. Nem todos eram comunistas…nem todos eram comunistas. Muitos eram só jovens, como todo jovem que gosta de liberdade. Queriam apenas democracia, eleições, direito a voto, direito à opinião e a manifestação livre do pensamento.
Hoje, alguns clamam por uma golpe militar violento, (Pasmem, até Cristãos!) a implantação de uma ditadura militar e o fim da democracia. Serão os primeiros a se arrependerem quando virem seus filhos e filhas; e os filhos de seus filhos lutarem e morrerem por liberdade nas praças e nas ruas.
A história provou que ordem, progresso, igualdade, liberdade e fraternidade não se constroem em tempos sombrios e nefastos de prisões e torturas, mas de liberdade. Que os ventos da liberdade continuem soprando sobre o Brasil. As crises existem para o aperfeiçoamento da democracia, nunca para decretar o seu fim.
“Portanto, ide e aprendei o que significa misericórdia quero e não holocaustos”, Jesus. (Mateus 9:12)