O Acre fechou o período de janeiro a julho de 2021 com um saldo recorde de US$ 30,498 milhões na sua balança comercial no mercado externo. Esse valor é o maior da série histórica desde 1997 e supera em 51% o saldo do mesmo período de 2020, que foi de US$ 20,215 milhões. No artigo de hoje, vamos comentar sobre a ampliação do mercado externo e destacar os principais destinos das exportações acreanas. Para tanto, vamos fazer um corte na série histórica, comparando os dados de 2021 com os dados de cinco anos atrás, ou seja, o ano de 2016. A fonte dos dados foi o Ministério da Economia e foram obtidos através do site: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral. A pesquisa foi realizada nos dias 09 e 10 de agosto de 2021.
Madeira e derivados – EUA continuam na liderança dos destinos, China e França avançam
Vamos iniciar pela madeira e derivados, cuja exportação em julho foi de US$ 1,19 milhão e nos sete primeiros meses do ano, 8,98 milhões, ou seja 27,7% de todo valor das exportações acreanas no ano (US$ 32.107 milhões).
Nos últimos 5 anos, os EUA mantiveram sua posição na liderança das compras da nossa madeira. A Bélgica também continua como um parceiro fiel e, em 2021, a China e a França já aparecem como parceiros significativos no mercado da madeira acreana.
Castanha do Brasil – Peru amplia maior destino e Bolívia perde espaço para EUA e Reino Unido
Como tradicional produto florestal acreano, a castanha que engloba uma ampla cadeia produtiva, beneficiando centenas de pequenos produtores e extrativistas acreanos, aparece nos sete primeiros meses de 2021, com o segundo maior valor de produtos exportados pelo Acre. Até julho já foram exportados US$ 8,10 milhões do produto, representando 25,2% do total exportado.
O Peru continua sendo o maior destino da Castanha exportada pelo Acre. Verifica-se, porém, em 2021, uma diversificação dos destinos, com destaque para a presença dos EUA com uma certa significância (12,8%) como comprador do produto. Por outo lado, verifica-se uma redução da participação da Bolívia em relação a 2016.
Soja e Derivados – Europa se consolida como o maior destino da soja acreana
Como um produto novo do Agronegócio acreano, a soja e seus derivados já aparece com o terceiro maior valor das exportações acreanas. Nos primeiros sete meses de 2021, totalizou US$ 7,23 milhões, representando 22,5% das exportações gerais no período.
O primeiro registro das exportações da soja e seus derivados pelo Acre, foi no ano de 2018, tendo com destino a Tailândia, Peru e Holanda. Em 2021, a Holanda continua como um destino cativo das exportações acreana (28,4%), em cuja liderança aparece a Espanha. Além da Turquia e da Rússia, o México (7,2%) e a Tunísia (2,8%), também aparecem como destinos importantes das exportações do produto em 2021.
Derivados de Bovinos – Hong Kong continua sendo o maior comprador dos derivados de bovinos acreanos
A atividade econômica com maior valor bruto da produção rural do Acre, a pecuária bovina, é a responsável pelo quarto maior valor das exportações nos 7 primeiros meses de 2021. Mesmo sem possuir capacidade de exportação de cortes especiais, exigidos pelos principais mercados importadores, a carne bovina e seus derivados já totalizam exportações no valor de US$ 3,932 milhões no período, representando 12,2% de tudo o que foi exportado. Sabemos que a maior parte da carne acreana é exportada para o exterior por outros estados da federação, principalmente Rondônia.
Em 2016 eram somente três os destinos dos produtos da pecuária, com destaque para Hong Kong (83,8%) e Vietnã (11,3%). O Peru ainda demandou naquele ano, 4,9% dos produtos acreanos. Ainda com entraves burocráticos a serem resolvidos, o Peru não aparece como destinos das exportações de derivados de bovinos em 2021. Além de Hong Kong, Paraguai, Suíça, EUA, Congo e Japão, surgem como novos mercados para esses produtos em 2021.
Carne e derivados de Suínos – Bolívia domina, mas Hong Kong, Dinamarca e Moçambique já aparecem nas estatísticas
A carne e os derivados de Suínos, aparecem como o quinto maior valor das exportações acreanas, nos primeiros sete meses de 2021, totalizando US$ 1,32 milhão, representando 4,1% do total exportado, no período.
O primeiro registro das exportações de suínos, também foi no ano de 2018, com exportações exclusivamente para a Bolívia.
Com a atividade em expansão, em 2021, além da Bolívia que ainda domina a compra dos produtos, aparecem Hong Kong (9,9%), Dinamarca (6,2%) e o país africano de Moçambique (5,6%).
Em conclusão, temos convicção que ainda temos muito a crescer, principalmente nas exportações dos produtos de origem animal (bovinos, suínos, aves e peixes). Já avançamos em muitos aspectos, principalmente, nos parâmetros de sanidade e certificação do nosso rebanho. Porém, negociações bilaterais precisam avançar, principalmente com o nosso vizinho Peru.
Mesmo assim, no caso do Acre, a abertura de novos mercados, significou a ampliação do seu comércio internacional. Mas estamos longe do ideal. É preciso, ainda, um trabalho de preparação do produtor e do exportador para atender às demandas de cada um desses novos clientes, além do desenvolvimento de atividades de promoção comercial e de divulgação dos produtos acreanos para ampliar o leque de parceiros comerciais.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.