A diretora financeira da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Acre (Codisacre), Valdete Souza, virou alvo de uma investigação da Polícia Civil após uma funcionária acusá-la de praticar “rachadinha”, quando o servidor é obrigado a repassar parte do dinheiro para quem lhe indicou. A denuncia foi exposta pelo jornalista Adailson Oliveira, da TV Gazeta, na noite desta quarta-feira, 28.
Não há consenso entre os especialistas da área jurídica sobre o enquadramento do repasse no ordenamento jurídico brasileiro. Há juristas que entendem que o desvio somente se configura como ato de improbidade administrativa. Outros, no entanto, consideram que a conduta não só se considera ato de improbidade, como também estão tipificados no Código Penal. Todavia, estes últimos divergem sobre qual crime a conduta se encaixa, se em peculato, corrupção passiva ou concussão.
Valdete, que já foi presidente do partido PMN, supostamente exigia das pessoas que ela indicou para o cargo comissionado em outras secretárias um valor mensal que deveria ser entregue em espécie em sua casa ou mesmo no gabinete. Segundo a reportagem da TV Gazeta, ela nega as acusações e debitou as denúncias devido ao seu estilo de falar o que pensa e atribuiu o caso a “fogo-amigo”
As investigações vêm sendo conduzidas pelo delegado Pedro Rezende, na Delegacia de Combate à Corrupção (Decor). O delegado não fala abertamente sobre a investigação, mas até o momento três pessoas teriam sido escutadas.
Pedro Rezende teria em mãos conversas de WhatsApp e áudios que mostram a diretora fazendo a cobrança do dinheiro todos os meses.
Segundo informações, o delegado está com uma lista de pessoas para prestarem depoimentos sobre o caso.
De acordo com a investigação, Valdete não tinha cargos apenas na Codisacre, mas também em outras secretarias como o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac). Inclusive, um dos cargos que está sendo investigado é a contratação de um contador que nunca compareceu ao local de trabalho ou prestou serviços para o estado.
O ac24horas apurou que Valdete será exonerada de seu cargo ainda esta semana por determinação do governador Gladson Cameli, que teria sido orientado por levar a Polícia o caso de rachadinha após tomar conhecimento.
À reportagem, Valdete negou as acusações e afirmou que independente de qualquer coisa ela é Gladson Cameli. “Quero deixar bem claro. Não tenho envolvimento com isso, jamais faria isso e independente dos desfecho, eu sou Gladson Cameli. Ele é meu governador em 2022 e jamais deixarei de apoia-lo. Sou uma mulher de causas e princípios”, disse.