Em meio à dificuldade e sem ter atendimento específico, como diagnóstico e tratamento para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), um grupo de pelo menos 70 mães que faz parte da Associação Família Azul de Senador Guiomard (Asasg), no interior do Acre, realizaram uma manifestação cobrando que a prefeitura da cidade possa atender e dar condições mínimas às crianças portadoras do TEA.
No entanto, a manifestação que deveria ganhar apoio, gerou polêmica e revolta após o presidente da Câmara Municipal de Senador Guiomard, Magildo Lima (Progressistas), ter dito, em sessão plenária na terça-feira (22), que haviam, supostamente, pessoas fazendo política por trás do movimento. “Essa causa é de todos e é da prefeita Rosana Gomes, é que muitas vezes tem pais sendo manipulados através de política. Essa palavra não é minha, muita gente já percebeu isso, tem gente se promovendo, fazendo política usando da situação daquelas famílias, como se os vereadores não tivessem ajudando”, argumentou.
Segundo Lima, os vereadores estão empenhados em amparar projeto para beneficiar as famílias. Vai ser aprovado por unanimidade e quando chegar na mãos da prefeita ela vai ajudar”, declarou.
Ocorre que a fala gerou revolta, pro se tratar de uma pauta delicada e de saúde infantil. A professora Adriana Rogéria, presidente da Asasg, usou as redes sociais para relatar que sofreu inúmeros ataques de representantes do povo, no intuito de calar as famílias de autistas. “Pra eles, calar as famílias é mais fácil do que resolver o problema. As represálias chegaram!”, escreveu.
Já a profissional de educação, Márcia Silva, se manifestou contra a fala de Magildo, dizendo que quem se diz “representante do povo” e questiona quem luta por seus direitos está precisando rever seu papel de figura pública. “É incrível como certas pessoas têm a (nada invejável) capacidade de menosprezar a dor alheia e, isso, é uma habilidade tão inerente ao caráter delas que nem devíamos mais nos admirar com alguns tipos de atitudes e comentários de gente assim, mas nós ainda nos surpreendemos, ainda nos irritamos, ainda nos magoamos”.
Ela sugeriu que, antes de criticar uma causa, deve-se procurar conhecer e se informar a respeito da mesma. “O mal do ser humano é medir os outros por si próprio. Nem sempre pessoas engajadas estão em busca de favorecimento pessoal. Quem não se dispõe a ajudar deveria no mínimo respeitar”, ressaltou.
Adriana contou que no município não existia qualquer tipo de informação sobre dados dos autistas. “Eu fiz um senso via Associação, localizei 95 crianças com laudo e outras ainda em investigação. Mas com laudo fechado temos 95 crianças na Associação. Não existe nenhum tipo de atendimento por parte do Município, nem clínico e nem social. As que têm atendimento não chegam a 10% e fazem particular. E outras no Dom Bosco, em Rio Branco. A maioria se encontra na lista de espera do Dom Bosco, Mundo Azul e APAE há mais de 1 ano”, revelou.
Presidente nega ofensa às famílias
Após a repercussão do caso, Magildo conversou com a reportagem do ac24horas e disse que sempre tem ajudado a classe na região. Segundo ele, nesse ano, deverá doar R$ 2 mil reais para a associação realizar o Dia das Crianças.
Acerca da polêmica, Lima disse que a presidente da associação, Adriana Rogéria, estaria fazendo politicagem. “Ela tá fazendo política no tocante aos autistas. Falei na sessão que, infelizmente, têm pessoas que estão fazendo política, O chapéu caiu para ela”, comentou.