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Volta à seca

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Da promessa frustrada de transformar o Acre no melhor lugar para se viver na Amazônia, a política é mais eficiente para fazer nossa terra uma das mais divertidas do país, sem dúvida.


Aqui, não dá tempo nem de respirar. Ou não dá tempo bem de tirar um “forgo”, como celebrizou o cartunista Braga. É uma presepada atrás da outra, como numa embiricica de qualquer coisa.


Enquanto isso, o tempo passa, a gente ri, faz gozações, as redes se enchem de criativos memes. Acontece que os verdadeiros problemas do povo vão sendo varridos pra debaixo do tapete.

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Infelizmente a maioria das pessoas não se apercebe que os resultados de decisões políticas equivocadas não são assimilados imediatamente. Essas decisões demandam algum tempo até a ficha cair e o arrependimento pelo leite derramado aflorar.


Esse blá-blá-blá todo é para introduzir o assunto da reversão do sistema de abastecimento d’água ao município de Rio Branco. O sistema já não é lá essas coisas e sob a gerência do município a tendência é piorar.


Teimoso e turrão, Tião Bocalom sabe que a prefeitura não tem a menor condição de bancar o déficit gerado entre o custo e a arrecadação da empresa.


Como a outorga é do município ao governador couve apenas ceder à pressão de Bocalom.


O colapso do sistema de abastecimento é iminente, salvo se o governo estadual assumir o compromisso de complementar mensalmente a parte que vai faltar.


Situação semelhante foi devidamente provada quando o então prefeito Mauri Sérgio assumiu a responsabilidade que lhe foi transferida pela falida Sanacre.


Em determinado momento da gestão, a prefeitura não tinha dinheiro sequer para comprar o cloro e o sulfato de alumínio para fazer o tratamento adequado da água.


E o mais grave e contraditório: a turma que se apossou da prefeitura neste ano se autodeclara “liberal” e condena os métodos da “esquerda”.


Pois bem. Rio Branco é a única capital que recusou formalmente a consultoria do BNDES cuja finalidade seria preparar o sistema para se adequar ao marco regulatório do saneamento.


Deixando de lado as discussões tolas e bobas de ideologia de “direita” e “esquerda “, o fato é que perdemos o rumo e não teremos recursos necessários para investir na universalização da distribuição da água e do tratamento do esgoto.


A privatização é um caminho inevitável diante da escassez de recursos estatais. E é uma pauta do receituário liberal.


A permanecer sob o cobertor da prefeitura de Rio Branco a situação vai ser idêntica à propaganda do camelô em feira livre: “Moça bonita não paga, mas também não leva”.

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Tomem nota: não pagaremos pela água, mas também não a teremos.


Enquanto outras capitais brasileiras já operam com fornecimento d’água em período de 24 horas, em Rio Branco a gente patina na escala do dia sim e, no outro, quem sabe.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas


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