“Estou aqui desde o início desse hospital, mas todo dia é difícil pra gente”. Esse é o desabafo da assistente social Mikaline Veloso, que trabalha no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), unidade escolhida como referência para atendimento e tratamento da Covid-19, em Rio Branco.
A assistente social é uma das profissionais que realiza a ponte entre os familiares dos pacientes internados no Into e o Corpo Médico. “Eu recebo todas as famílias que procuram algum tipo de informação acerca do seu ente. Fazemos essa ponte entre a família dos acamados e os médicos”, explicou.
Ela conta que “tem dias que a gente se desmonta aqui. É muito doloroso dar uma notícia dessa. A gente se coloca no lugar do outro, da família, porque temos família também”, afirmou aos prantos.
Em outro trecho da entrevista concedida ao ac24horas, a assistente social desabafa e nega que os profissionais sejam “desumanos”. “A gente sofre uma pressão muito grande da família porque eles acham que a gente é desumano e o que eu vejo aqui todos os dias, não só da minha parte, mas todos, do qual eu trato todo mundo como se fosse o meu familiar”, garante.
Veloso assegura que a equipe do Into tem amor e cuidado e todos se doam ao trabalho. “Então dói muito na gente fazer, fazer, e nunca ser reconhecido por isso. De achar que aqui é um matadouro, que muitas vezes é o que a gente ouve nesta sala. O serviço social e a psicologia têm trabalhado nisso para tentar fazer um tratamento mais humanizado. A gente queria muito deixar um familiar entrar se despedir do seu ente querido, mas não pode devido às normas de vigilância”, desabafou.
*O texto foi alterado às 9h26 por uma informação equivocada da redação.