A retirada de pauta da Reforma Administrativa que altera a estrutura do poder executivo na Assembleia Legislativa deve gerar efeitos colaterais políticos e fiscais inimagináveis. Pelo menos foi o que deu a entender o governador Gladson Cameli, ao afirmar ao ac24horas que a não análise e aprovação do projeto neste final de ano vai impossibilitar de convocar os 452 concursados do cadastro de reserva da Polícia Militar a partir de fevereiro de 2021.
“Eu respeito a decisão do legislativo, mas eu não posso fazer nada. Eu me planejei para convocar o cadastro de reserva, agora fico impossibilitado. Queria diminuir a máquina para priorizar os concursados, mas não pude. Paciência, né? Eu não vou ficar com essa conta sozinho não. Quero que as pessoas saibam que eu estou tentando deixar esse Estado mais transparente, mas não obtive apoio”, explicou o chefe do Palácio Rio Branco.
Cameli destacou que mesmo sem a reforma administrativa terá que fazer mudanças e deu a entender que as exonerações serão prioridade a partir de 2021. “Vou governar por decreto já que não pude fazer a coisa certa”, frisou o governador convocando os órgãos fiscalizadores para ficarem cientes do que está acontecendo com o Estado.
Conforme ac24horas antecipou, a base do governo Gladson Cameli na Assembleia Legislativa não chegou a um acordo em relação a Reforma que corta pelo menos 200 cargos em comissão e cria a Secretaria de Governo (Segov). No entendimento dos parlamentares consultados pelo reportagem, a falta de comunicação entre Palácio Rio Branco e o legislativo foi uma dos principais motivos para que pressionassem o presidente da casa, deputado Nicolau Junior (PP) para retirar o projeto de pauta neste final de ano.
O descontentamento dos deputados ocorre após uma reunião com o governador Gladson Cameli na noite desta quarta-feira, 17, que sinalizou ao parlamento que não iria fazer qualquer mudança. Na hora que Cameli afirmou que não iria ceder, nenhum deputado governista pediu a palavra. Todos ouviram e saíram em silêncio da sala e foram apelar a Nicolau para que intermediasse um acordo para que pelo menos 100 cargos fossem mantidos, já que eles não sabiam quem seria prejudicados com a nova reforma.
Por outro lado, a equipe de governo argumenta que os deputados da base não precisam se preocupar pois todos os comissionados, após a aprovação e sanção da reforma, serão exonerados e voltarão apenas os indicados que realmente são de deputados que apoiam Gladson Cameli.
A reportagem apurou que a medida de exoneração visa retirar pessoas que são ligadas a deputados, ex-secretários e ex-aliados que não fazem mais parte do cotidiano do Palácio Rio Branco. “Os deputados terão tamanhos iguais, uns terão até mais cargos do que antes. A situação será mais igualitária, Muita gente não vai voltar, mas não são pessoas ligadas a base e sim de gente que não apoia o governo”, disse um assessor palaciano.