Foto: ac24horas/Sérgio Vale
O vice-presidente da república, general Hamilton Mourão, e o governador Gladson Cameli, concederam uma entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira, 23, na sede da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) para falar das ações integradas do meio ambiente e os avanços do Escritório Técnico de Gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA) que é realizado dentro do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma).
Entusiasmado com o Cigma, criado pelo governo do Acre para integrar as informações e dados que norteiam as ações das equipes de fiscalização e combate aos ilícitos ambientais em campo, Mourão destacou a ação exemplar do Estado acreano. “ Esta ação é exemplar e que deve e ser replicada em outros estados da Amazônia”, frisou o general que é Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal.
Mourão enfatizou que o novo Código Florestal deve ser respeitado por todos e defendeu maior auxílio do Estado para se evitar queimadas e ressaltou que é necessário a união de várias agências de inteligências de imagens para uma análise qualitativa do cenário atual aliada com agilidade. “De acordo com o novo código florestal, o produtor pode mexer em até 20% de sua área de terra para plantar ou criar gado. Temos que criar mecanismos para que isso ocorra seja através de financiamento ou de assessoramento técnico”, frisou, ressaltando que o sistema do Acre já é ligado com Cadastro Ambiental Rural que por satélite já identifica o proprietário da terra, agilizando os trabalhos dos órgãos fiscalizadores.
Questionado sobre os dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), que vem tendo seus dados divulgados questionados pelos governo federal de Jair Bolsonaro, o presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal minimiza o atrito e explicou que os dados exigem melhor detalhamento para a tomada de decisão das autoridades. “ Não existe discurso de má interpretação nos dados do INPE. O modelo do Acre pode ser seguido pelos outros. A gente não briga com esses dados. São dados brutos. Tem x dados desmatados, tem y pontos de calor. Agora os dados tem que ser qualificados. Queremos que o decisor tenha a melhor informação para contrapor as ilegalidades que estão ocorrendo”, argumentou.
“Tanto aqui no Cigma quanto no INPE, os nossos funcionários e pesquisadores trabalham analisando as imagens com olho humano. Nós precisamos ter ferramentas da tecnologia da informação de ter uma agilidade muito maior por meio de algoritmo que reconheça e nos dê maior agilidade de ação”, disse Mourão destacando que atualmente na Amazônia existem 18 pontos persistentes de fogo e que essas agências de inteligência auxiliam nesse trabalho.
O vice voltou a destacar que os Estados Unidos possui apenas duas agências que centralizam os dados de análise de imagens e ressaltou que no Brasil existem várias e isso gera um gasto desnecessário. “Aqui nos temos várias equipes que trabalham com isso e isso gera gasto. O ideal é buscar integrarmos esses esforços. Deveríamos reunir esses especialistas. Não é para enfraquecer o INPE, mas a ideia é melhorar e não para ficar sobre a tutela militar. Queremos uma agência que faça o trabalho mais qualificado”, pontuou.
Questionado pela imprensa se o Cigma do Acre irá dificultar ainda mais a vida do pecuarista que não se importa com o meio ambiente, o governador Gladson Cameli foi enfático e mandou recado duro. “Vai, mas sem criar burocracia. Nós estamos tentando amenizar, tentando criar mecanismos para melhorar a vida das pessoas. O Imac tá cumprindo o seu prazo, o que não dá é é que para uns setores queiram politizar as coisas. O fato do vice está aqui pela segunda vez acompanhando de perto as queimadas e nós mostrando esse trabalho só enfatiza o nosso cuidado com o meio ambiente”, disse.
Cameli afirmou que a crítica vinda de alguns setores não pode abalar o governo que vem fazendo “tudo o que pode”. “Para esse setor, nós conseguimos livrar o Acre da vacina da aftosa, mas temos o Novo Código Florestal e devemos respeitar. Temos as leis, não podemos desrespeitá-las”, disse.
O governador do Acre enfatizou ainda que o grande foco para mudar esse cenário de queimadas na Amazônia é agilizar o processo de regularização fundiária das terras.
“Você não pode pegar financiamentos nos bancos e oferecer para os pequenos produtores por causa das terras irregulares. Nós como governo estamos alinhados para trabalhar nisso. O fato é que temos as leis e o problema é que sempre tem uns que acham que podem mais”, disse o chefe do executivo.
Assista a coletiva na íntegra: