A estratégia de enfrentamento ao coronavírus pelo sistema de saúde é adiar ao máximo o aparecimento de casos enquanto adquire os meios para dar tratamento adequado aos doentes.
Distanciamento social, isolamento, lockdown, rodízio de veículos, entre outros, são medidas que, sem os cuidados individuais de proteção, valem muito pouco. São necessárias porque uma grande maioria das pessoas parecem não ter compreendido a gravidade do momento.
Completamos dois meses desde que as medidas de distanciamento foram implantadas e, comparando com dados de outros países, é evidente a quantidade muito menor de casos que tivemos, mesmo sem levar tanto a sério as recomendações oficiais. O colapso da rede hospitalar ocorreu em poucos locais. Foi possível reorganizar os serviços de atendimento, aumentar as vagas em isolamento e UTI, capacitar a testagem, adquirir insumos.
Os números publicados diariamente no boletim da Secretaria de Saúde mostram que o sufoco só aumenta e não há ainda uma tendência de estabilização dos casos.
Enquanto isso, no seu mundo da Lua, o presidente discute sobre saída do isolamento, oficializa o que é ou não essencial para ser reaberto imediatamente e incentiva seus soldadinhos a afrontar as medidas de contenção do contágio. Consta que um deles já foi para a UTI.
Sem desmerecer a preocupação com a economia, vale a máxima ‘uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa’. É absolutamente possível ao governo federal implementar medidas compensatórias que não comprometam a saúde da população.
Infelizmente, o que se tem visto é um processo desorganizado que deixa uma multidão de gente perdida e se acumulando em filas, sob sol e chuva, para receber um auxílio de emergência. E enquanto os mais carentes não conseguem acessar sua parte, já aparecem denúncias sobre pagamentos indevidos a 190 mil militares.
O governo federal não tem foco. Precisa parar de bater cabeça com picuinhas e cuidar de coisas grandes, a altura do que conseguem fazer o Banco Central, BNDES, CADE, Ministério da Economia. Não se vai sair da crise econômica porque foram reabertas as academias de ginástica e as barbearias.
Por aqui no Acre a tendência é que as ações para o isolamento das pessoas aumentem. Seria importante um controle de qualidade maior do transporte coletivo, com maior oferta e menos lotação.
Não sei quanto tempo essa epidemia dura ou quando teremos uma vacina ou remédio contra o vírus. Até lá é tomar cuidado para não se contaminar e nem contaminar suas pessoas mais próximas. Isso não é abrir mão da liberdade de ir e vir, mas exercer ela com responsabilidade.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.