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Em Xapuri, prefeitura e comerciantes querem definir local adequado para bolivianos

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As bancas protegidas por guarda-sóis coloridos já se tornaram parte da paisagem na região central de Xapuri. Ali, imigrantes bolivianos, a maioria com dupla nacionalidade, comercializam uma diversidade de produtos, desde eletrônicos chineses de pequeno porte a gêneros alimentícios como uva, batata, cebola e alho, principalmente.


Representantes do comércio local, escorchados pela dura política tributária do país, se sentem prejudicados com a situação e já fizeram, em vão, por meio da Associação Comercial de Xapuri, várias solicitações de providências às autoridades municipais e estaduais, assim como à Receita Federal, no que diz respeito à entrada ilegal de produtos importados no país.


Ouvindo a opinião de alguns representantes do setor comercial na cidade, percebe-se que a intenção, no entanto, não é a de se expulsar os vendedores bolivianos da cidade, mas a definir um local específico onde eles possam trabalhar e pagar tributos como os comerciantes formais. É o que diz o dono da drogaria Paraná, Celso Garcia, que já foi presidente da Associação Comercial do município por dois mandatos.

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“É uma situação que precisa ser resolvida, mas com todo cuidado, com respeito e, acima de tudo, com a dignidade e a humanidade que essas pessoas merecem. Por isso, temos conversado com a prefeitura no sentido de buscar junto às demais instituições responsáveis, como a Receita e a Polícia Federal, para que o problema seja sanado”, afirmou.


De acordo com o Setor de Cadastro e Arrecadação da prefeitura, existem 13 ambulantes bolivianos, a maioria mulheres, cadastrados no município, com uma “permissão” para praticar o comércio ambulante na cidade com base em alguns critérios definidos em um acordo informal, mantido entre a municipalidade e a própria Associação Comercial, segundo explica o fiscal Ronnivon da Silva.


“Há um acordo entre a prefeitura e a associação comercial para que eles trabalhem nas imediações do Mercado dos Colonos e em alguns outros pontos, em dias específicos, mas já estamos resolvendo a situação para eles saiam das ruas e procurem uma localização definitiva. A maioria tem CPF brasileiro e filhos no Brasil. Têm dupla nacionalidade”, afirmou.


Na esquina das ruas 24 de janeiro e Floriano Peixoto, trabalham, às sextas-feiras, em barracas quase emendadas, Glads Alane, 34 anos, e Margarita Julian, 48, ambas de La Paz. A primeira está em Xapuri há 4 anos e a segunda há mais de 10. As duas bolivianas dizem que a razão de estarem no Brasil há tanto tempo é, especialmente, a situação socioeconômica do país de origem.


Glads Alane diz que é bem tratada em Xapuri e que a prefeitura tem sido atenciosa à situação dela e dos compatriotas que vivem e trabalham na cidade. Ela afirma ainda que a permanência de sua atividade nas ruas do centro tem sido possível porque “tem atendido às orientações feitas pelas autoridades municipais”.


Margarita Julian conta que nos últimos 10 anos intercalou a sua estada entre o Brasil, em Xapuri, e a Bolívia, em Cobija, no Departamento de Pando. Ela afirma que já foi difícil trabalhar por aqui, principalmente durante o mandato do ex-prefeito Wanderley Viana de Lima, que tinha uma “política” dura contra os bolivianos que se aventuravam a comercializar seus produtos na cidade.


A reportagem não conseguiu falar com o prefeito Ubiracy Vasconcelos sobre o assunto. Em outra oportunidade, ele afirmou que a solução da questão exige bom senso e respeito com os imigrantes bolivianos que chegaram até Xapuri.


Imigração boliviana

Os bolivianos começam a vir ao Brasil durante a década de 1950, mas a imigração atual data da década de 1980. Pouco a pouco, entram cada vez mais bolivianos. Estima-se que cerca de 250 mil bolivianos vivam no país, mas os números variam conforme a fonte. Fato é que as informações divulgadas pela mídia destoam enormemente das estimativas acadêmicas e oficiais.


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