Prossegue na manhã desta terça-feira, 12, o bloqueio das pontes entre a cidade boliviana de Cobija, capital do departamento de Pando e as brasileiras Epitaciolândia e Brasiléia. A situação prejudica o comércio das três cidades e mantêm parados dezenas de caminhões e carretas que fazem o transporte de produtos entre os dois países.
Na tarde desta segunda-feira, 11, uma tentativa de liberação de parte dos veículos estacionados dos dois lados da fronteira resultou em fracasso. O comando do movimento cívico que bloqueia as pontes concordou em permitir a passagem de 24 carretas que aguardam voltar para o Brasil e de 23 que pretendem descarregar em Cobija. Os demais caminhoneiros radicalizaram e bloquearam a passagem.
As informações mais atualizadas dão conta de que apenas depois de um pronunciamento oficial garantindo a realização de nova eleição geral e com todas as garantias, as pontes serão liberadas.
“Estamos aguardando a indicação de que teremos uma eleição limpa e transparente, para que possamos liberar o tráfego de veículos nas duas passagens. Também estamos aqui para garantir que os envolvidos nessa fraude eleitoral possam fugir do País”, disse um dos integrantes do movimento ao jornalista Alexandre Lima, do jornal o Alto Acre.
A expectativa para a liberação das pontes é grande tanto por parte de comerciantes das três cidades, que estão registrando prejuízos com a falta de compradores, quanto pelos participantes do movimento cívico que diz lutar por “ordem, paz e democracia na Bolívia”.
“Acreditamos que em dois dias poderemos estar em nossas casas. Tão logo seja anunciado os trabalhos de transição em nosso país, as pontes serão desbloqueadas”, disse outro integrante do movimento de manifestantes postado na ponte Wilson Pinheiro, que liga Brasiléia à capital de Pando, Cobija.
Sessão do Congresso Boliviano
Segundo o jornal El Deber, de Santa Cruz de La Sierra, a senadora Jeanine Añez ratificou na manhã desta terça-feira, 12, que a sessão extraordinária da Assembleia Legislativa para designar quem sucederá provisoriamente a Evo Morales no poder será realizada nesta tarde.
“Não pode mais haver desgoverno”, disse ela, cercada por um grupo de parlamentares.
“Os senadores ou deputados que, por algum motivo, não puderam chegar a La Paz, estamos nos esforçando para que à tarde eles estejam aqui, aguardando a confirmação da hora”, afirmou.
Añez disse estar confiante de que o quórum necessário para realizar a sessão pode ser alcançado.
“Não apenas a oposição tem essa responsabilidade, mas também os parlamentares do Movimento ao Socialismo. Entendo que estão com toda a predisposição para alcançar o quórum necessário”, afirmou.
Por sucessão constitucional, Añez assumiria a presidência interina do país com a missão de convocar novas eleições dentro de um período de 90 dias. Ela pediu ao Exército que colaborasse “diante de tanto vandalismo”, afirmou que o que o país precisa é de “certeza e pacificação” e pediu à população que “deixasse os legisladores trabalharem”.