Com mais de 32 horas de duração, caminha para os momentos decisivos a maior reunião do Tribunal do Júri de Xapuri nos últimos trinta anos.
Com a leitura de um trecho de um célebre discurso do cônsul romano Marco Túlio Cícero, a promotora de justiça substituta da comarca de Xapuri, Bianca Bernardes, iniciou a acusação contra 10 dos 17 acusados de promover o linchamento do pedreiro Almir de Moura Silva, em frente à casa noturna Palhoça, no dia 3 de setembro de 2017.
“Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”, indagou a representante do Ministério Público.
A promotora buscou convencer os jurados de que o complexo crime contra o pedreiro foi resultado de uma ação coletiva.
“Não há como separar quem fez isso ou aquilo, todos fizeram tudo”, afirmou.
Bianca Bernardes afirmou que o julgamento do Caso Almir representa o momento de guerra pelo qual atravessa um estado onde se morre mais por violência do que no Oriente Médio.
Em um dos intervalos da sessão, ela afirmou que o MP não tem dúvidas de que Almir morreu por afirmar ser membro de uma facção criminosa. Durante a sua acusação, no entanto, não reforçou essa afirmação.
Após Bianca Bernardes foi a vez do promotor titular do município de Brasiléia, Ocimar da Silva Sales Júnior, complementar a argumentação do Ministério Público.
“Não estou aqui para acusar, mas para defender. Defender a sociedade”, falou.
Também compõe o parquet no júri o promotor substituto de Brasiléia, Carlos Augusto da Costa Pescador, que é filho de Xapuri. Durante a sua fala, foi mostrada a imagem de Almir caído sobre uma poça de sangue momentos após ser morto. Mãe e viúva do pedreiro choraram copiosamente no momento mais forte do julgamento.
O tempo destinado à tese da acusação foi de 2 horas e 30 minutos. Os 10 advogados de defesa dividirão tempo igual.