A dona da casa Joana Angélica Ferreira da Cunha, que contraiu Doença de Chagas com toda a família no Seringal Trunfo, está internada no Hospital de Marechal Thaumaturgo para controlar uma forte alergia à medicação do tratamento. Ela está muito vermelha, inchada, com coceira e queimação pelo corpo.
Atualmente usa três tipos de medicação e diz que já está muito melhor. “Estava tão inchada que nem abria os olhos”, conta. A dona de casa só vai voltar a usar a medicação que controla a Doença de Chagas depois da avaliação médica que fará em Cruzeiro do Sul no dia 16 de julho. Joana diz que os sintomas da alergia começaram ainda em Cruzeiro do Sul, onde ela, o marido, o cunhado e cinco filhos ficaram internados no início do tratamento. Mas a situação era controlada com o uso de três medicamentos, que segundo ela, não foram receitados pra continuidade do uso, em casa.
Angélica cita que logo depois que voltou pra casa, no Seringal Triunfo, sem a medicação, a alergia se intensificou e ela veio duas vezes ao Hospital de Thaumaturgo, era medicada e mandada de volta para casa. Até que na última terça-feira, sentiu que a garganta fechou e não conseguia respirar e foi levada às pressas pelo marido (uma hora para meia de barco) até o Hospital da Família de Marechal Thaumaturgo.
Só Joana teve alergia à medicação. Os filhos e o marido estão bem em casa. As crianças só sentem enjoo por causa do uso da medicação, o que causa falta de apetite nos cinco.
Ela acredita que terá alta até terça-feira, mas a preocupação continua porque ela e os filhos encontraram na semana passada, barbeiros dentro de casa e em uma palheira ao lado da residência.
“Nós levamos 16 anos pra construir tudo, mas eu queria mesmo era me mudar de lá com minha família para o outro lado do Rio Juruá, ou pra qualquer lugar onde não tiver esse besouro, o barbeiro. Quero é saúde!’
Uma equipe composta por técnicos do Ministério da Saúde, do setor de Doença de Chagas da SESACRE, da Vigilância em Saúde de Cruzeiro do Sul e da Universidade Federal do Acre ficou uma semana no Seringal Triunfo, e retornou à Cruzeiro no dia 13 de junho.
Lá eles coletaram sangue de 67 pessoas que apresentam sintomas da doença e de outras 16 que ainda não tiveram sinal de contaminação. Também levaram um besouro barbeiro encontrado no local e ninfas. O resultado dos exames ainda não saiu.
Para evitar novas contaminação, equipes da Seaprof e Vigilância Sanitária de Marechal Thaumaturgo ministraram curso de Boas Práticas de Manejo do açaí para a comunidade do Triunfo. Joana explica que depois do caso dela e de sua família, todos passaram a ter mais cuidado para seguir as orientações dos técnicos, mesmo assim, quer ir pra outro lugar. “Eu posso até nem tomar mais o açaí, mas o besouro está dentro das casas no Triunfo e todos corremos risco”.
A médica Patrícia Barbino, a única do Hospital de Marechal Thaumaturgo, não estava na unidade hospitalar neste domingo pela manhã, quando o ac24horas esteve no local. Ela havia saído de um plantão e segue de sobreaviso.