Passados quase 80 dias de mandato, o governador Gladson Cameli tem parado pouco no Acre. Fisicamente não tem sido muito visto pelas Terras de Galvez mas aparece com grande frequência nas redes sociais o titular de um governo que se viu emparedado pela imprensa gringa que, em visita ao Acre na última segunda-feira (11) parece exigir do Estado posicionamento mais claro em relação à política de REDD (que promove a compensação financeira por serviços ambientais especialmente o sequestro de CO2).
Gladson estava fora do Acre, comunicando-se via chat naquela hora e o vice, Major Rocha, jogou o pepino nas mãos de Milani, da Sema, e de Carlito Cavalcante, do Instituto de Mudanças Climáticas. Aos dois incumbiu-se a responsabilidade de dizer ao mundo que apesar de ser contra a Florestania o governo não tem nada em oposto a ela. Cita-se aqui a Florestania pois é a metáfora que pariu a política de negócios ambientais ainda em vigência no Estado.
A Agência de Notícias do Acre rebolou-se para fazer do limão uma limonada. Por exemplo, o órgão noticioso de Gladson Cameli disse o seguinte sobre a entrevista dos secretários à ong internacional: “Entre os questionamentos feitos pelas jornalistas Lisa Song, com a participação e tradução de Paula Moura (ambas da organização jornalística sem fins lucrativos ProPublica, sediada em Nova York), foi pautada a exigência de posicionamento do Estado entre os que são defensores do REDD+ e os que se apresentam contra a política de baixa emissão de carbono e, ainda, o status atual do IMC no Acre“.
Quem entende dessa bagaça sabe da saia justa que viveram os secretários porque 1) o posicionamento atual do Acre é uma incógnita baseada numa possibilidade e 2) o status do IMC é o mesmo em relação ao meio ambiente, que vai da indiferença ao ´deixe estar´. Ou: “vamos ver no que dá”. A Sema está desidratada e o IMC em fase de inanição, prestes a virar autarquia.
Tudo porque o mais importante era acabar com a ideologia petista, tomar o poder e promover, como disse o Major Rocha, o “reencontro do Acre com a vocação produtiva”. Quase três meses depois, o encontro que a gestão de Gladson Cameli conseguiu promover ficou no gogó: discursos daqui, reuniões dali, visitas de um lado e outro.
E nesta terça-feira (12) mais uma reunião. Desta vez estava lá um certo João Shimada, apresentado como “especialista em agronegócio” em uma “agenda ambiental”. Sem ideia concreta ou planos objetivos para a questão ambiental e as mudanças climáticas, o governador em exercício saiu-se, nesse encontro, com mais um lero-lero: “O desafio agora que o arcabouço jurisdicional está pronto é agregar valor, garantir segurança alimentar para quem vive na floresta, nas margens dos rios, a conservação do solo e o meio ambiente”.
O ambiente inteiro está de olhos arregalados. Mas… cadê o governador?