Cruzeiro do Sul é o único município do Acre que durante os 20 anos de predominância dos Governos do PT nunca teve um prefeito do partido. Nem mesmo a FPA conseguiu eleger nenhum gestor. Assim o município sempre representou um foco de resistência ao petismo. Cruzeiro do Sul optou por prefeitos da oposição. Mas essa história agora vai mudar com a chegada de Gladson Cameli (Progressistas) ao poder. Além de ser a terra natal do governador, o prefeito Ilderlei Cordeiro (Progressistas) é seu amigo de infância e do mesmo partido. Portanto, é o momento de Cruzeiro do Sul receber investimentos significativos do Estado e resolver seus problemas de infraestrutura. O potencial econômico do Juruá nunca teve o incentivo necessário para se ampliar e desenvolver. O momento é agora.
Ligado
Conversei com o prefeito Ilderlei na posse de Gladson. Ele espera que o Estado ajude a sua gestão em obras de recapeamento das ruas da cidade e na manutenção dos ramais da zona rural. Ilderlei foi o primeiro prefeito a ser recebido oficialmente pelo novo governador. Está esses dias todos na Capital fazendo lobby nas secretarias em busca de parcerias.
Agora ou nunca
Ilderlei terá a maior oportunidade para decolar com a sua gestão. Além do governador quase toda a bancada federal é aliada. Portanto, terá como conseguir emendas parlamentares e recursos extra orçamentários. A hora é de arregaçar as mangas e com diplomacia correr atrás.
Recado
Também conversei com o deputado federal Flaviano Melo (MDB). Ele deixou claro que o caminho para o novo governador alcançar o sucesso na gestão é cumprir os compromissos de campanha. Nisso está embutido sutilmente a questão da distribuição de cargos.
Insatisfeitos
Estive ouvindo uma conversa de um pessoal do MDB da periferia. Eles acham que a reforma administrativa do novo Governo foi maior do que a esperada. Estão querendo arrumar cobertor para espantar os frios de todos os aliados. Mas as coisas não serão fáceis.
Concordante
Por outro lado, o senador Márcio Bittar (MDB) está aplaudindo de pé a reforma administrativa. Ele me falou que sem essas medidas austeras seria impossível governar o Acre nos próximos quatro anos. Outro aspecto importante é que Bittar, segundo ele, não está cobrando nada do novo governador. Muito pelo contrário, está se sentindo grato por ter recebido uma ajuda essencial do Gladson para conseguir se eleger senador.
Pensar no coletivo
Corretamente Bittar se refere ao Governo que “nós ganhamos e temos que dar conta para a população”. Evidentemente que um eventual fracasso da gestão de Gladson Cameli afetaria todo o grupo político que o ajudou a se eleger. Bittar tem pensado a longo prazo e não no momento imediato.
Será que vai?
Outro aspecto que Bittar destacou na nossa conversa são os eixos prioritários do seu mandato. Vai retomar os esforços para uma maior integração comercial do Acre com o vizinho Peru. Só que ao contrário das tentativas anteriores que naufragaram vai trilhar o caminho diplomático via Governo Federal. Tem lógica porque o Itamarati estando na jogada os trâmites burocráticos serão mais facilmente vencidos.
Integração real
Os governos do PT de Jorge Viana (PT) e Binho Marques (PT) fizeram várias tentativas de integração com o Peru. Esbarraram justamente em questões como alfandegamento do Aeroporto de Rio Branco e acordos comerciais bilaterais sem a chancela dos Governos dos dois países. O potencial econômico para o Acre do Peru como parceiro comercial é enorme. Afinal o país vizinho tem mais de 30 milhões de habitantes. Se a via de exportação da carne bovina acreana, por exemplo, se tornar real poderemos dar um salto no desenvolvimento regional.
O Rio da Sobrevivência
Outro aspecto que Bittar destacou como eixo do mandato é a revitalização do Rio Acre. O senador eleito, que toma posse dia 2 de fevereiro, me disse o seguinte: “O objetivo é solucionar as constantes alagações com prováveis construções de diques que guardem água para os períodos de estiagem. Se nada for feito, num futuro não muito distante, teremos falta de água na Capital. Inclusive, já consegui com o senador Waldemir Moka (MDB-MS) uma emenda para o nosso orçamento de R$ 5,5 milhões para investir nessa revitalização,” afirmou Márcio Bittar.
Mais maduro
Um banho de votos faz bem para qualquer político. Na longa conversa sobre política e planos futuros senti Bittar muito tranquilo. Sabe da responsabilidade que terá em Brasília como representante do Acre. Vai atuar fortemente junto ao Governo de Bolsonaro (PSL) para garantir recursos para o Estado.
Peças chaves
Na minha maneira de ver, Gladson Cameli terá dois parlamentares em Brasília que serão essenciais para viabilizar recursos ao Estado. Márcio Bittar e o reeleito deputado federal Alan Rick (DEM). Os dois declaram apoio ao Bolsonaro nos primeiros movimentos da pré-campanha quando ainda poucos acreditavam na sua eleição. Além disso, Bittar e Alan significam para Bolsonaro dois votos aliados no Congresso Nacional.
Sem choro e sem vela
Vamos falar a verdade. Quando o Bolsonaro entrou para o PSL era uma legenda “nanica”. Graças ao seus sucesso eleitoral o partido elegeu uma grande bancada no Congresso Nacional. Portanto, o PSL é uma legenda de ocasião. Bolsonaro deverá criar a sua base de apoio no Congresso Nacional com políticos aliados de vários partidos. Isso é que vai valer. Portanto, quem sonha com cargos federais no Acre deve ter algo a oferecer ao novo Governo Federal. No caso, votos para aprovar os projetos de interesse do Executivo. É assim que funciona a máquina política. E não tem choro e nem vela.