*Luiz Calixto
O DAS, sigla do cobiçado cargo comissionado de Direção e Assessoramento Superior, nasceu no primeiro governo de Getúlio Vargas com a finalidade de organizar, dar excelência e funcionalidade ao serviço público.
Como o preenchimento do cargo era de livre nomeação, óbvio que este sempre atendeu à critérios políticos.
Ocupar um DAS era privilégio de uma casta de notáveis.
Ainda que a maioria desses postos tenha importância relevante para o funcionamento da “máquina”, ao longo desses anos de intensa putrefação dos valores políticos, o cargo sofreu profunda mutação e desmoralização, passando a ser tratado, aos olhos do povo e dos políticos, como moeda de cooptação e acomodação ou, ainda, como uma simples boquinha.
As mil e uma utilidades políticas dos cargos, que além de suprir as verdadeiras necessidades do serviço público, também se revelaram eficientes instrumentos para “comprar” desafetos e “calar boca” daquela cuja função seria fiscalizar, fizeram os governos “inchar“ as administrações, tanto que em determinados órgãos havia, e ainda há, “mais caciques do que índios. “
A história do Acre é recheada de causos de domesticação de ferozes leões, que depois de suas nomeações saírem no diário oficial se transformaram em dóceis gatinhos angorás.
Aqui, o DAS passou a se chamar CEC e a batalha campal por uma delas é uma briga de foice no escuro entre partidos e deputados.
Nos períodos das campanhas eleitorais, a vontade de melhorar de vida pelo caminho mais curto da chamada “expectativa de poder” é adubada pela frase que mais une a militância e é repetida por candidatos nos diretórios e reuniões: “o estado é muito grande e vai ter vaga pra todo mundo”.
Nesse período os temas reforma administrativa e enxugamento da máquina são discutidos como servissem apenas para desempregar os adversários.
Vencida a eleição, e chegada a hora da onça beber água, chovem declarações sobre as pressões por estes cargos, mas a realidade da escassez de receita e a crise faz a prosa mudar de rumo: agora é preciso reduzir o tamanho da “máquina” e privilegiar a competência.
Esquecem, todavia, que militantes, bandeirantes e coordenadores, todos tratados como generais durante a campanha eleitoral, estão apenas cobrando a dívida contraída e avalizada pela magia da frase “vai ter lugar pra todos”.
Sem outra alternativa, e com a frase martelando dia e noite na cachola, quem espera por uma “boquinha” se transforma em defensor intransigente da reforma administrativa, desde que o fio navalha degole o sonho do outro.
*Luiz Calixto é Auditor da Receita Estadual e economista formado pela UFAC.