O MP-GO (Ministério Público de Goiás) informou nesta 2ª feira (17.dez.2018) que recebeu 506 mensagens de mulheres que dizem ter sido abusadas por João de Deus em atendimentos espirituais na Casa de Dom Inácio, em Abadiânia (GO).
A maioria das acusações foram feitas por meio do e-mail [email protected], criado especificamente para o caso.
Segundo o MP-GO, a força-tarefa agora se concentra em avaliar quais das acusações se caracterizam de fato como relatos de potenciais vítimas, e, ainda, no colhimento dos depoimentos.
Até hoje, 30 mulheres foram ouvidas presencialmente, em diferentes Estados, pelo MP, e outras 15 pela Polícia Civil.
As acusações vieram de 16 Estados e do Distrito Federal: Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão.
Também há possíveis vítimas que moram no exterior. Os relatos vêm de mulheres que moram nos seguintes países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e na Suíça.
JOÃO DE DEUS FOI PRESO NO DOMINGO
O médium foi preso no último domingo (16.dez), após se entregar à polícia. Sua prisão foi decretada na última 6ª feira (15.dez), baseada em 15 acusações já formalizadas em Goiânia –todas por crimes sexuais.
O caso veio à tona após acusações de mulheres no programa Conversa com Bial, da TV Globo, em 7 de dezembro.
Apesar do alto número de mensagens relatando os crimes, João de Deus nega as acusações. Seu advogado, Alberto Toron, entrou com pedido de habeas corpus nesta 2ª feira solicitando a prisão domiciliar ao médium, com o uso de tornozeleira.
No pedido, a defesa alega que é preciso considerar a idade avançada e o estado de saúde do médium.
O médium está em uma cela de 16 m², com pia e vaso sanitário, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, denominado Núcleo de Custódia.
MÉDIUM É ACUSADO DE LAVAGEM DE DINHEIRO
O jornal O Globo noticiou que ele deu baixa em R$ 35 milhões em investimentos após as primeiras acusações, em 7 de dezembro.
Ao tomar conhecimento dessas operações, a Polícia de Goiás e o Ministério Público decidiram investigá-lo também por lavagem de dinheiro e ainda, sobre houve conivência de outras pessoas com os crimes.
Sobre essas movimentações, Toron disse que a movimentação, como informado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), foi feita em “resgate de aplicações, não saque”.
“Como sabem os promotores de Justiça, não se lava dinheiro limpo, não se lava dinheiro que é seu e estava no banco. Sequer está claro se houve realmente movimentação nesse valor. Pelo que a defesa teve conhecimento, apenas uma aplicação foi resgatada e em valores menores”, disse Toron.
Sobre a possível conivência de outras pessoas, o advogado afirmou que “parece estar havendo 1 processo intimidativo indevido, talvez para ensejar novas denúncias e declarações”