Ray Melo e Luciano Tavares,
da redação de ac24horas
Rio Branco – Acre
O vai e vem de pessoas no calçadão que dá acesso ao Terminal Urbano de Rio Branco, poderia ser usada como termômetro para aferir as vendas nos pequenos boxes do camelódromo do centro da cidade. Mas, a movimentação das pessoas não significa que o volume de vendas tenha aumentado no maior no calçadão [shopping popular], onde os pequenos comerciantes esperam apreensivos pelos potenciais clientes de última hora para fazer as compras de Natal.
Segundo a maioria dos lojistas do camelódromo, as vendas estão em queda. Os comerciantes que disponibilizam de toda uma gama de produtos de fazer inveja as grandes lojas, relatam a dificuldade e o baixo volume de vendas registradas até a manhã desta quinta-feira, 22, há poucas horas do Natal. “Há 10 anos eu trabalho com vendas no camelódromo e nunca tinha passado por um fim de ano tão ruim em termos de venda. Os clientes olham, perguntam, mas não levam nada”, diz o comerciante João Medeiros.
Mesmo com as exigências de cadastramento dos vendedores ambulantes, o número de camelôs triplicou no centro de Rio Branco. Mas, para os comerciantes, este não é o fator de complicação na questão.
A queda nas vendas pode estar ligada ao atrativo Via Verde Shopping, recentemente inaugurado em Rio Branco, e que virou o mais novo ponto de compras e de encontro das pessoas. “o shopping trouxe muitas novidades, lojas de fora. Todo mundo quer ir ao shopping para conhecer, para ver as coisas novas, e os preços das coisas, tipo roupas e calçados são baratos”, diz a vendedora Kelly dos Santos Souza.
A chegada das grandes redes do Sul do País é apontada como a grande ameaça ao comércio local , não dos pequenos, mas dos varejistas de porte médio. “Competir com variedade, preço e conforto das grandes lojas do novo shopping, não está fácil. Vamos tentar adequar ou fechar as portas”, diz o gerente João Azevedo.
Apostando as fichas no Natal
Grande parte dos camelôs do centro da cidade apostou suas fichas na compra de brinquedos. As tendas armadas apresentam uma série de produtos importados em sua maioria da China, que entra no Brasil, através da Bolívia. Em alguns casos, o investimento do pequeno comerciante foi todo com vistas às vendas de Natal, fator que começa causar preocupação, já que o grande estoque de brinquedos poderá encalhar e causar grandes prejuízos.
O comerciante Manoel Roberto, 45, investiu mais de R$ 10 mil, na compra de importados, em sua maioria brinquedos, mas não está conseguindo o retorno esperado. “Nos últimos quatro anos, trabalhei da mesma forma; levantava a quantia que podia durante o ano, e investia em compras. Pela primeira vez estou achando que não vou recuperar o que investi. As roupas que adquiri, estou conseguindo vender, mas os brinquedos estão sendo a grande decepção”, afirma.
É visível que os vendedores ambulantes seguiram o mesmo pensamento na hora das compras. Todas as barracas estão superlotadas de brinquedos a espera dos clientes. As metas estipuladas pela maioria dos comerciantes podem não ser batidas, já que a concorrência aumentou consideravelmente com a implantação de varejistas com rede em todo país. A reclamação é constante e os comerciantes contestam as taxas que pagaram para ocupar espaços públicos para comercializar seus produtos.