Os eleitores acreanos deram um recado duro através das urnas para o PT que governou o Estado por 20 anos. Além da derrota de Marcus Alexandre (PT) para Gladson Cameli (Progressistas) com uma diferença de quase 100 mil votos o partido não elegeu nenhum senador e nem um deputado federal. Uma coisa impressionante. Na minha opinião, um dos motivos dessa derrota acachapante está no desempenho do atual Governo petista que, segundo a recente pesquisa Delta, tem apenas 18% de aprovação (ótimo e bom). Talvez acreditassem que um açude batizado de Lago do Amor, inaugurado na Capital, pudesse mudar a perspectiva de derrota nas urnas. Ou quem sabe a “bala de prata” contra a oposição fosse a provável abertura do Museu dos Povos Acreanos (nunca entendi direito esse nome. Será que existe mais de um povo no Acre?) Não levaram a sério o drama da violência no Estado. Tanto que o gestor por quase todo o segundo governo de Tião Viana (PT), Emylson Farias (PDT), foi escolhido como candidato a vice de Marcus. A culpa não foi dele, mas de quem o indicou. Emylson deveria ter continuado o seu trabalho na Secretaria de Segurança, esperado uma avaliação positiva para depois ser candidato a alguma coisa. A verdade é que levaram o drama da violência que campeia o Acre pra dentro da chapa majoritária. Tipo assim, vocês precisam se acostumar com o que está acontecendo. Não deu certo e a derrota contaminou quase todos os candidatos do PT nas eleições de 2018.
Entre mortos e feridos…
Apenas Daniel Zen (PT) e Jonas Lima (PT) conseguiram se reeleger deputados estaduais. O PT não elegeu mais ninguém. Nomes tradicionais como Raimundo Angelim (PT), Sibá Machado (PT) e Léo Brito (PT) não chegaram nem perto de uma das vagas para federal. Algo que parecia “impossível” há algum tempo.
Expliquem ao Lula
Aliás, alguém do Acre precisa chegar para o ex-presidente Lula (PT), que está preso em Curitiba, e explicar o que aconteceu por aqui. Teria sido uma conspiração da CIA? Não, o Acre, apesar de alguns dizerem ser a Suíça da Amazônia, passa por um momento difícil e nem todas as culpas são do Temer (MDB), mas da própria gestão.
Quadro severo
Os dois fortes candidatos ao Senado Jorge Viana (PT) e Ney Amorim (PT) não tiveram o desempenho nas urnas esperado. Sem falar que o Bolsonaro teve no Acre certamente um dos mais altos percentuais de votação do Brasil. Será que agora caiu a ficha?
Renascido das cinzas
Enquanto isso, o PC do B que parecia um partido “fulminado” depois das eleições de 2014 conseguiu eleger a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) e os estaduais Jenilson Leite (PC do B) e Edvaldo Magalhães (PC do B). Os “camaradas” saíram-se muito melhores que os “companheiros”.
Crédito
Acompanhei um pouco o intenso trabalho do deputado Jenilson Leite nas articulações dos candidatos do PC do B nas eleições municipais de 2016. Ele conseguiu nas prefeituras e nas câmaras municipais do interior uma representativa expressiva. Colheu o fruto sendo o candidato mais votado na “chapa da morte” PT-PC do B, para estadual.
Pelas costas
O interessante é que toda a histórica fidelidade do PC do B ao PT teve um pagamento curioso por parte do PT. Em 2016, colocaram como vice Socorro Neri (PSB), vinda do PSDB, no lugar dos comunistas na chapa de Marcus Alexandre para a prefeitura da Capital. Nunca vi uma articulação mais “ousada”. Esperem os próximos meses para ver o resultado quando Socorro precisará sobreviver entre um governador dos Progressistas, o favorito presidenciável Bolsonaro (PSL) e uma bancada federal toda da oposição.
Masoquismo
Quando o ex-deputado federal Moisés Diniz (PC do B) e Jenilson Leite se ofereceram para vices de Marcus Alexandre, em 2018, nem foram considerados. Cravaram logo um candidato a vice do PDT. O partido do Tchê (PDT), nas eleições de 2016, tinha fechado com vários candidatos a prefeito da oposição e levou como prêmio a vice da FPA. Não era propriamente um exemplo de fidelidade.
Mão à palmatória
Perpétua Almeida (PC do B) foi uma ótima deputada federal por três mandatos. Mas eu não imaginava que poderia se eleger novamente devido ao “desastre” da sua campanha ao Senado em 2014. Enganei-me completamente. O PC do B se articulou muito melhor do que eu imaginava em 2018 e tem muito a comemorar.
Hora da liberdade
Agora que os comunistas têm mais representatividade do que o PT na política acreana espero que não continuem submissos. O PC do B provou que tem ainda uma militância mobilizada capaz de dar saltos maiores como protagonista e não apenas como mero coadjuvante.
Era verdade
Muitos não acreditaram nos institutos de pesquisa. Diziam que tinham sido comprados. Mas o Delta, o Big Data e o Ibope cravaram o resultado certo das urnas com antecedência. Mesmo quando há um mês das eleições a derrota aparecia no horizonte os petistas continuavam argumentando que venceriam no primeiro turno, elegeriam três federais e ao menos um senador. Subestimaram os números das pesquisas.
Gente nova
O PT precisa se reinventar. Terá no deputado estadual reeleito Daniel Zen um nome qualificado para fazer uma oposição consciente ao próximo Governo. A prefeita de Brasiléia Fernanda Hassem como uma liderança do interior promissora. Isso se tiverem juízo porque os “velhos dinossauros” saíram de moda como mostraram as urnas em 2018.
Confusão à vista
A lavagem de roupa suja dentro do PT depois de passado o terremoto das eleições será grande. A formação desses grupos internos como DR e DS, acabaram com aquilo que o PT tinha de mais valioso, a unidade. Muita vaidade e arrogância se sobrepondo à visão das reais necessidades da população. Faltou humildade para enxergarem a realidade.
Triunfo maior
O senador Gladson Cameli que foi severamente atacado durante as campanhas de 2014 e 2018 mostrou que tem a “casca grossa”. Podem gostar ou não dele, mas Gladson venceu todas as eleições que participou, duas para federal, uma para senador e outra para governador. Alguns vão tentar desqualificar essas vitórias com argumentações “toscas”, mas o jovem político caiu na graça da população acreana. Além de se eleger governador conseguiu “arrastar” o Petecão (PSD) e o Márcio Bittar (MDB) para o Senado e ajudou a oposição a fazer cinco deputados federais. Sem falar que terá a maioria dos deputados estaduais na ALEAC. Uma vitória estrondosa que agora precisa ser ratificada com uma gestão eficiente para minimizar a atual situação social e econômica dos acreanos.