Assisti estarrecido um vídeo nas redes sociais de um militante e ex-deputado federal do PT acreano fazendo críticas pesadas a todos os prefeitos da Capital e governadores que não eram do PT. O cidadão pintou um quadro sombrio e desolado que, segundo as suas palavras, só mudou depois que chegaram ao poder os políticos do PT. Ele vai mais longe e, destilando fúria, previne sobre o caos que se abaterá sobre o Estado se a oposição vier a ganhar o Governo, desconsiderando autoritariamente qualquer alternância de poder. Como eu não morava no Acre nesse tempo eu não posso opinar se as palavras desse petista são ou não verdadeiras. Mas considerando que esse quadro pintado pelo militante, que sempre ocupou cargos de confiança nos governos petistas, seja verdadeiro, acho que faltou um pouco de autocrítica em relação aos tempos atuais. Afinal, apesar dos avanços, realizados com dinheiro público e por políticos do PT eleitos para trabalharem pelo povo, o militante deveria também analisar aquilo que não deu certo. Como, por exemplo, os milhões que foram jogados fora em projetos como a ZPE, indústria de beneficiamento de peixes em Cruzeiro do Sul, outra de madeira em Tarauacá, Alcoolbras, etc. Recursos que poderiam ter sido investido na saúde. Esses dias li uma matéria que em que a família de uma idosa que faleceu acusava o PS da Capital de negligência. Esse militante também deveria conversar com os profissionais de saúde do Hospital Regional do Juruá se estão satisfeitos com as atuais condições de trabalho. Ou explicar melhor a entrega de um Hospital em Brasiléia ainda com problemas sérios na sua estrutura. Quem sabe esses recursos desperdiçados serviriam para concluir a UPA de Cruzeiro. Ele ainda “ameaça” que se a oposição vencer o Estado será dominado pelas facções criminosas, mas esquece dos 24 assassinatos que aconteceram no Acre, em setembro, quase um por dia. Sem falar nas centenas de jovens que perderam a vida devido a violência crescente nos últimos anos que poderia ter sido controlada por uma política mais eficiente na segurança. Alega que todas as eventuais falhas das gestões petistas são culpa do Temer (MDB). Pode até ser, mas qual é a lógica? O Temer, que realmente é um desastre, está no Governo Federal faz dois anos e os governos da FPA somam 20. Existe então 18 anos em que tudo foi um mar de rosas e o Acre se transformou numa Suíça? Falta autocrítica. Pior ainda é falar do ódio dos adversários políticos emanando o mesmo ódio. Não se combate fogo com fogo. Na minha opinião, essa falta de autocrítica é um dos piores problemas dos petistas tanto a nível local quanto nacional. Se estivessem utilizando a humildade e admitindo as falhas talvez a população reconhecesse com mais facilidade os avanços inegáveis conseguidos pelas gestões do PT. Esse tom de atacar os outros sem reconhecer os próprios erros soa falso e traz enormes prejuízos eleitorais para o partido.
Erro de foco
Na minha opinião, se a campanha ao Governo do PT tivesse o tom de autocrítica mesclada com avanços sociais alcançados os números das pesquisas seriam outros. Essa ladainha de “só nós prestamos” desperta a desconfiança dos eleitores assolados por tantos problemas reais no seu cotidiano.
Lembrança do passado
Participei de uma eleição, em Brasília, em que o então candidato a deputado federal José Roberto Arruda passou toda a campanha de 2002 pedindo perdão aos seus eleitores por erros cometidos na sua vida pública. Ele acabou sendo o mais votado e quatro anos depois venceu também a eleição para governador. Como o pedido de “perdão” de Arruda era só da boca pra fora, pouco tempo depois, perdeu o cargo por corrupção. Mas a autocrítica funciona para os eleitores. Mostra a humildade e a possibilidade de evolução.
Fake News
Também nas redes sociais vi um militante da FPA propagando um suposto diálogo entre o candidato Gladson Cameli (Progressista) com um interlocutor admitindo a “manipulação das pesquisas”. Algo grosseiro sem pé e nem cabeça. Até mesmo uma criança rapidamente identificaria a falsidade da peça.
Só vale pra nós
Analisando a última pesquisa da Real Time Big Data ligada a Rede Record. Qual o interesse que a emissora teria em ajudar um ou outro candidato aqui no Acre? Cadê a prova real de que os números são irreais e manipulados? Ao invés de desqualificar a pesquisa os militantes do PT deveriam debater internamente estratégias para tentar “virar o jogo”.
Medo no ar
Mais uma cena dessas eleições que traduz um pouco aquilo que as pesquisas estão dizendo. Estava eu numa pensão no centro de Rio Branco almoçando e perguntei pras mulheres que ali trabalham em quem votariam para o Governo. Silêncio total por alguns minutos. Daqui a pouco uma delas veio no meu ouvido e falou baixinho que todas votariam na oposição. Comprovadamente existe ainda muito medo de perseguição. E esse medo acaba se transformando em ódio.
Despertadores do povo
O Debate da Rede Amazônica acabou se transformando numa disputa para ver quem acorda mais cedo. Marcus Alexandre (PT) chegou a sugerir que enviaria um despertador para o Gladson. Logo fiquei imaginando num novo projeto de Governo que deverá ser batizado de “Despertadores do Povo”.
Pouca influência
A verdade é que os dois debates televisivos pouco devem ter influenciado na escolha dos candidatos ao Governo. Quem assiste e já tem o voto escolhido irá torcer pelo seu preferido. É como torcida de futebol. Pode ser que um ou outro indeciso possa se pautar pelo que os candidatos apresentaram. Mas não acredito ser numa quantidade que altere o rumo das eleições.
Lógica
No Debate da Globo aconteceu o previsto. Marcus fustigando o Gladson por liderar as pesquisas e os outros três candidatos criticando o atual Governo do PT que ele representa. Mas não vi nenhum fato ocorrido no Debate que se tornasse manchete na mídia. Também nenhum dos candidatos apresentou “projetos revolucionários” que venham a alterar o cotidiano sofrido dos acreanos.
Eleição aberta
A corrida para o Senado está aberta. O segundo voto dos eleitores é um mistério e pode provocar surpresas em relação as pesquisas publicadas até agora. Quem já está comprando terno para tomar posse da cadeira que se cuide. Ainda estão rolando os dados.
Divergência na Taba
O prefeito de Marechal Thaumaturgo, o índio Ashaninka, Isaac Pianko (PP) está apoiando o Rudilei Estrela (PP) para deputado federal. Mas acontece que o seu irmão, Francisco Pianko (PSOL), também concorre ao mesmo cargo. Uma divergência rara entre os “parentes” que ainda vai dar muito o que falar.
Eficiente
A campanha de internet do candidato à reeleição a deputado estadual Daniel Zen (PT) é disparada, na minha opinião, a mais criativa entre os seus concorrentes. Mas quem pensa que foi criada pela Cia de Selva se engana. Foram os próprios jovens colaboradores do candidato que bolaram as peças muito bem feitas.
Disputa quente
Muitos candidatos a deputado estadual têm campanhas vistosas e disputam os votos em Cruzeiro do Sul. Entre eles, os que aparecem com mais volume de campanha nas ruas da cidade são Josa da Farmácia (Podemos), Antônia Sales
(MDB), Nicolau Jr. (PP) e Carla Brito (PSB).
Voto livre
Não adianta pressão sobre o eleitor para votar em A ou B ou C para o Governo. Cada um é dono do seu voto e poderá escolher livremente os seus candidatos a todos os cargos em disputa. O importante é que se faça uma reflexão de quem pode ajudar o Acre se desenvolver socialmente e economicamente. Quem poderá nos representar com dignidade e eficiência no Congresso Nacional. Não adianta conseguir uma “vantagem” hoje e depois reclamar com os problemas da segurança pública, da saúde, da educação e da falta de empregos amanhã. Votar é uma responsabilidade grande. O resultado que vai emergir das urnas será a baliza do futuro do Acre. Então quem se vende por algumas moedas estará vendendo também os avanços que podem trazer bem estar social à nossa população.