O Acre se tornou berço da criminalidade. Ninguém sabe mais quem é quem. Não dá mais para sentar na frente de casa, conversar com os vizinhos ou passear pelo parque sem antes pensar dez vezes se a gente deve ou não fazer isso. Rio Branco já não é mais a mesma. Jovens morrendo. Famílias dilaceradas. Sonhos destruídos.
O crime parece estar enraizado em todas regiões dessa “Terra de Galvez”. No interior do Estado (AHHH!) a situação não é muito diferente: assaltos, furtos, droga, mortes. Cenário cruel da violência que se espalha por todo o país, aparentemente, sem medidas políticas e policiais suficientes para ser contida.
A certeza que me vem à mente é que ninguém sabe mais o que fazer! É impossível se acostumar com isso. É preciso ação, e ação urgente. Não se trata de prender apenas, mas de educar, encaminhar os adolescentes e jovens (e até alguns adultos), para um caminho diferente, cheio de oportunidades, com emprego e renda digna.
Em menos de 30 dias, os números da criminalidade não se mostraram menores: foram 34 mortes violentas, e mais 44 tentativas de assassinato. E a pergunta que faço é: cadê o erro que ninguém mostra? Será mesmo que essas dezenas de centenas prisões vão resolver o problema? A resposta, para mim, é “não”!
É um medo extraordinário o que vejo por aí. Essa semana, ao conversar com uma entrevistada, ela me dizia: “Acordo pela noite com algum barulho e tenho medo que seja alguém entrando na minha casa”. Um outro trabalhador (cidadão de bem) me contou: “tranco até a porta do meu quarto agora!”. É o medo que não deixa a gente em paz!
Talvez você, que lê esse artigo, pode pensar que estou exagerando, mas não estou. Com a celeridade das redes sociais na propagação de notícias, de fatos e informações que ocorrem no mundo do crime, as pessoas realmente estão preocupadas em sair de casa. Já não sabem mais se vão ou não a um aniversário, por exemplo.
“Ahhh! Que nada! Esse cara tá exagerando!”. Alguém até pode pensar assim, mas vou dar um exemplo: no sábado, 21 de julho, bandidos armados invadiram uma festa de aniversário e saíram de lá levando até o bolo. Deveria ser um momento de alegria, mas terminou com a marca do medo. Isso foi em Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Acre.
Não quero colocar mais temor na vida dos que me leem, mas quero expressar um sentimento que eu, assim como muitos (e converso com muita gente), não sabem como expor. O que é preciso? Ações enérgicas, rápidas, urgentes e consolidadas. E temos que começar por PELAS FAMÍLIAS, o berço de nossa sociedade.
Vale a reflexão!
João Renato Jácome é jornalista, membro do Programa Internacional de Voluntariado das Nações Unidas e participa de redes pela Democracia, Esporte, Meio Ambiente e Direitos Humanos.