Para quem apostava que a manifestação iniciada ontem (quarta-feira, 8) pelo Sindicato dos Policiais Civis dos Estado do Acre (Sinpol/AC) seria apenas “fogo de palha”, se decepcionou. Na manhã desta quinta-feira (9), as delegacias de Rio Branco estão praticamente paradas e agentes de polícia e escrivães cumprindo seus horários de trabalho nas sedes das regionais e especializadas.
No prédio onde funcionam a Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher (Deam) e o Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente Vítima (Nucria), locais de grande rotatividade de ocorrências e atendimento, estava praticamente deserto.
Os policiais que exerciam cargos administrativos e que estavam como escrivães Ad-hoc entregaram os cargos e agora cumprem apenas o que de competência de suas funções. Além das investigações que estão paralisadas por falta de viaturas, pelo menos duas, que atende as especializadas da Mulher e do Adolescente estão paradas: uma com o pneu furado e a outra com o retrovisor quebrado há vários meses e que pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) constitui infração e não pode circular até que o problema seja solucionado.
“Há alguns anos que vínhamos nos desdobrando para que a polícia não parasse, fazíamos trabalhos que são de competência exclusiva de delegados, assumíamos cargos administrativos e trabalhávamos sem a estrutura mínima, mas sempre com a esperança de que o governo do Estado reconhecesse e valorizasse nosso trabalho, mas como não somos reconhecidos vamos apenas fazer o que é de nossa competência e pronto, cansamos de enganação”, afirmaram os policiais.
A categoria faz questão de ressaltar que as delegacias estão funcionando, mas que a sociedade acreana precisa conhecer a fundo os problemas que afligem não somente os policiais civis em suas respectivas carreiras, mas também os problemas institucionais que ocasionam dificuldades na prestação dos serviços desses profissionais à sociedade.
“A Polícia Civil tem o papel constitucional de apurar as infrações penais, portanto, é responsável pela investigação de todos os crimes ocorridos, com exceção daqueles de responsabilidade da Polícia Federal. Quando alguém é roubado, tem sua casa violada, é agredido, ameaçado ou mesmo xingado é numa delegacia de Polícia Civil que busca a solução de seus problemas, mas infelizmente não podemos oferecer um serviço de qualidade, se nos falta estrutura, equipamentos, condições dignas de trabalho, incentivo e se somos desvalorizados, é que preciso dar um basta nesta situação, exigimos respeito e dignidade”, ressaltou Itamir Lima, presidente do Sinpol.
Outro ponto destacado pelo sindicato é que nas delegacias não tem coletes balísticos para todos agentes e os que tem estão vencidos há mais de cinco anos. Por Lei, o policial só pode sair da delegacia para cumprir ordem de missão se estiver com todos os equipamentos, entre eles, colete balístico.