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Em tom de despedida, “Dr. Maldade” abre a caixa preta da Emurb pós-Marinheiro

Não é novidade para ninguém que as notícias sobre a Administração Pública no Estado do Acre basicamente se repetem em torno do calote generalizado, dos desvios, da má administração e da ineficiência. As manchetes retratam os constantes atrasos de salários, dívidas com fornecedores e terceirizados, rombos, falta de materiais e até mesmo paralisação das atividades.


A Carta de Governança da Emurb do ano de 2018, de 28 páginas, publicada no site da empresa na semana passada e que passou desapercebida pela imprensa, sinaliza que há pelo menos uma exceção a essa regra. Os dados estatísticos apresentados e o texto subscrito pelo atual Presidente da empresa, Edson Rigaud, procurador de carreira do município que ficou conhecido como “Dr. Maldade”, apresentam particularidades da Empresa que recentemente foi passada a limpo com o desencadeamento de três operações denominada Midas, que tinha como objetivo desarticular uma quadrilha que supostamente era liderada pelo seu ex-diretor, Jackson Marinheiro, que foi denunciado 12 vezes pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Acre, o Gaeco.


LEIA NA INTEGRA A CARTA DE GOVERNANÇA DA EMURB EM 2018


Apesar do histórico regado a irregularidades e escândalos, a atual gestão da Emurb “limpou” a empresa, pelo menos através de dados, que evidenciam o caminho percorrido desde a sua quebra até os dias atuais.


Com o apoio do prefeito Marcus Viana, Edson Rigaud teve que tomar medidas duras que causaram constragimentos e feridas que podem influenciar os próximos anos de gestão na empresa aos afastar todos as indicações políticas de membros da Frente Popular.


Os avanços verificados nos últimos meses são divididos em tópicos, que correspondem ao que ele chamou de “pilares da gestão”. Ele pode até não ter tapado todos os buracos da cidade, mas em relação ao números, Rigaud tornou a Emurb muito mais eficiente e transparente.


Segundo os gráficos disponibilizados na Carta de Governança que foi encaminhada ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, a empresa apresentou a menor receita de sua história (nunca recebeu tão pouco), o menor custo de sua história (nunca gastou tão pouco) a maior aplicação de asfalto de sua história (mais de 30 mil toneladas) e o maior lucro da sua história.


A Emurb economizou em 2017 quase R$ 22 milhões, valor que segundo o gestor foi “ligeiramente superior” ao planejado na Carta de Governança anterior, que projetava uma economia de 20 milhões. Apesar do número ser positivo no âmbito da gestão, não tira o demérito de Rio Branco está atualmente tomada por buracos. O documento revela que os anos de 2015 e 2016 foram os menos produtivos da Emurb, onde se gastou mais e produziu muito menos, causando assim um atraso logístico de demanda que repercute até os dias atuais. Para bom entendedor, existiam recursos, mas ele não foram aplicados corretamente.


Os dados estatísticos apresentados demonstram que o gasto com combustível caiu quase pela metade gerando uma economia de aproximadamente R$ 3 milhões, o mesmo se verificando com a despesa com aluguel de máquinas cuja economia foi de 6 milhões. Os cortes na folha de pagamento que renderam o apelido de Dr. Maldade geraram uma economia de aproximadamente R$ 4 milhões, mas que apesar disso, não afeutou a produtividade da empresa, aponta o relatório.


Chama atenção, também, o gráfico referente a quantidade de asfalto aplicada em Rio Branco. Apesar de mostrar que em 2017 a empresa bateu o recorde de aplicação de asfalto, fica claro que a manutenção das vias caiu assustadoramente em 2015 e 2016. Seria essa a explicação para tanto buraco? Qual o impacto do rombo e da falência da EMURB na gestão Marinheiro para o cenário crítico que se vê pelas ruas da cidade? O estranho é que em 2015 e 2016 a empresa teve muito mais receita que em 2017.


A Carta mostra que a Emurb teve em 2017 um ano positivo e que o rombo da empresa caiu de quase R$ 38 milhões para aproximadamente R$17mi, o “menor dos últimos dez anos”, diz o levantamento.


Mas não é só de gestão e números que a Carta fala. O documento abre brecha para especulações em torno da manutenção de Edson Rigaud no comando da empresa, haja vista que o atual prefeito, Marcus Viana, deve renunciar em abril, para disputar o governo do Estado pelo grupo político da Frente Popular do Acre, que governa o Estado há quase 20 anos. Na carta, Rigaud agradecia a confiança do prefeito dando a entender que deixaria o cargo, não se sabe quando, se antes ou depois de Marcus Viana deixar o cargo.


Segundo o apurado por ac24horas, Rigaud conta com confiança de Marcus e aparentemente de sua vice, Socorro Neri, que deve assumir a administração da capital em breve, mas tem demonstrado a amigos próximos que realmente deve deixar o comando da Emurb, cogitando inclusive, fazer um mestrado na área de Direito em Portugal.