Deputados e senadores que compõem a bancada acreana em Brasília vão cobrar, na próxima quarta-feira, 28, do Ministro das Minas e Energia, explicações sobre o projeto de mineração na região do Juruá, proposto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) por uma cooperativa de garimpeiros do município de Pontes de Lacerda, no Mato Grosso. A proposta partiu do deputado federal Moisés Diniz (PCdoB), único parlamentar federal presente à audiência pública sobre o tema realizada pela presidência da Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul.
Moisés suspeita das reais motivações por trás do projeto, e questiona as verdadeiras intenções dos seus autores. “Não se sabe quem está por trás desse pedido [feito ao DNPM], cujas atividades agridem o meio ambiente e a economia da nossa região, na qual está situado o terceiro maior aquífero do Brasil”, alertou.
Ele também disse desconfiar que a proposta de mineração foi realizada sem a anuência do poder público.
A audiência desta sexta também contou com a presença do prefeito cruzeirense Ilderlei Cordeiro (PMDB), e de representantes do senador Gladson Cameli (PP) e da deputada federal Jessica Sales (PMDB). Convidados, o superintendente do Ibama, Carlos Gadelha, e o representante do Imac na região, Igoor Neves, compareceram ao encontro, bem como cerca de 30 empresários do setor oleiro e de extração de areia na região, cujas atividades foram paralisadas por ordem do DNPM.
Além deles, participaram da audiência pública representantes da Ufac e do Ifac no Juruá, além de representantes do movimento comunitário, segundo o presidente da Câmara, vereador Romário Tavares (PMDB).
“A disposição dos nossos parlamentares federais de se juntarem em torno do assunto, independente do partido a que pertencem, prova que a causa que abraçamos aqui na Câmara é suprapartidária, e diz respeito a todos os acreanos”, argumenta Romário.
Segundo ele, já está agendada para o dia 28 uma reunião dos membros da bancada federal acreana com o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
Projeto do absurdo
Empresária do setor oleiro, Janaína Terças revelou ontem, 22, em entrevista à Rádio e TV Juruá, que os 42 mil hectares requisitados pela cooperativa de mineradores do Mato Grosso na região, incluem a Cidade da Justiça, o Igarapé Preto, Áreas de Proteção Permanente e até o cemitério de Cruzeiro do Sul.
Sob a justificativa de prospectar ouro na região, a proposta dos mineradores levanta muitas suspeitas principalmente pela área que abrange.
“A gente pode deduzir que os autores do projeto nem sequer vieram ao Estado. Devem ter elaborado a proposta com base em imagens de satélite”, disse Janaína.
De acordo com os empresários prejudicados pela ordem do DNPM, a determinação de paralisar as atividades de olarias e areais em Cruzeiro do Sul pode acarretar na demissão de 150 trabalhadores que atuam nessas empresas. Além disso, eles enfatizam a ameaça à economia da região, uma vez que o barro e a areia são duas matérias-primas imprescindíveis ao setor da construção civil.