A juíza Kerley Regina Regina de Arruda Alcantara, do Tribunal do Júri em Porto Velho, vai conduzir nesta quinta feira(23), o julgamento de Edione Pessoa da Silva e Leonardo Batista, acusados pela morte da ambientalista acreana Nilce de Souza Magalhães, de 50 anos, morta no dia 7 de janeiro de 2016,, ás margens do lago da barragem da Usina de Jirau, na região do distrito de Jacy Paraná, distante 100 km da capital rondoniense.
Nicinha, como era conhecida, foi dada como desaparecida pela família e só no dia 24 de junho daquele ano, o corpo dela foi encontrado, com marca de um tiro e mãos e pés amarrados em pedras no lago da barragem da usina hidrelétrica de Jirau, no distrito de Nova Mutum-Paraná, em Porto Velho.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do qual Nicinha era a maior liderança em Rondônia, suspeitou que morte da ativista estivesse relacionada à sua militância contra as barragens do rio Madeira feitas a partir da construção das usinas de Jirau e Sano Antônio. A Polícia Civil, no entanto, descartou essa suspeita.
O principal acusado pelo assassinato de Nicinha, segundo a Polícia Civil, é o pescador Edione Pessoa da Silva, que é réu confesso. Conforme a investigação, o pescador disse que a motivação seria uma acusação por furto que ela o fez. A polícia diz também que ajudaram na ocultação do corpo da ativista Oziel Pessoa Figueiredo, 18 anos, e Leonardo Batista da Silva, 39 anos. Oziel já foi julgado e cumpre pena em liberdade. Os outros dois aguardam o julgamento pelo Tribunal do Júri e estão presos no presídio Ursa Panda, em Porto Velho.
Familiares de Nicinha reconheceram um corpo no Instituto Médico Legal (IML) como sendo o da ativista assassinada ainda em junho. Mas a Superintendência de Polícia Técnico-Científica (Politec) de Rondônia não tinha recursos para fazer o teste de DNA. Apenas no mês de setembro a Secretaria de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) encontrou a solução para o reconhecimento oficial da morte da ativista enviando o material do teste para o Mato Grosso.
No dia 13 de dezembro, a secretaria anunciou que um exame de DNA realizado pelo Laboratório da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) da Secretaria de Segurança do Mato Grosso atestou que o corpo encontrado no lago da barragem é de Nicinha.
O chefe da Superintendência Estadual da Polícia Técnica Científica (Politec) de Rondônia, Girley Veloso, justificou a demora para a elaboração do exame de DNA com uma informação macabra.
“Foi devido à falta de estrutura da Politec de Rondônia. Outros 400 cadáveres aguardam exames de DNA no estado”, disse o superintendente à Amazônia Real. “O órgão está sendo estruturado e deverá ficar pronto para funcionar a partir de fevereiro do próximo ano”, revelou Veloso.
A demora para a realização do exame de DNA no corpo de Nicinha revoltou a família. “Eles não têm a menor consideração com a família, que aguardou seis meses pela liberação do corpo da minha mãe”, desabafou.