Com o aumento da demanda por transporte neste final de ano entre Cruzeiro do Sul e Rio Branco, a única empresa aérea que faz o percurso aproveita para majorar os preços. A saída do usuário cruzeirense que queira fazer economia é encarar viagens de até 17 horas entre as duas cidades, graças à precariedade da BR-364.
Enquanto a Gol, entre os dias 26 e 27 deste mês, está cobrando 729 reais pelo voo só de ida para Rio Branco, as empresas de ônibus oferecem passagens a 120 reais. A volta também é um problema para quem foi apanhado pela crise econômica: os valores pelo transporte aéreo variam entre 225 reais (no dia 1º de janeiro, quando poucas pessoas estão dispostas a entrar num avião) e 729 reais (nos 26 e 27 de deste mês).
Os passageiros que antes optavam em voar devido às condições da rodovia 364, sentiram no bolso o aumento de preço das passagens. E voltaram a utilizar o transporte terrestre. “Em relação ao ano passado, quando houve muitas promoções, o aumento foi significativo”, afirmou à reportagem do ac24horas Helen Nepomuceno, agente de viagens de uma empresa de turismo de Cruzeiro do Sul.
Diante desses números, não é por acaso que as empresas de ônibus têm contado com o aumento da demanda na mesma medida em que os passageiros fogem dos aeroportos.
Encarregado de venda de passagens de ônibus de uma empresa de transporte coletivo, Adão Aquino de Almeida confirma o aumento no número de passageiros entre Cruzeiro do Sul e Rio Branco. No sábado, 24, não havia disponibilidade para quem quisesse embarcar na capital para o Juruá. Mas ainda havia vagas disponíveis no sentido inverso.
Com a concorrência pela venda de bilhetes no terminal rodoviário da cidade, Adão assegura que o diferencial da empresa em que trabalha está na oferta de serviços como Wi-Fi, TV e carregadores de celular.
Ônibus reserva e até palestras
Outra empresa de transporte coletivo que opera na linha Cruzeiro do Sul-Rio Branco costuma se precaver contra os imprevistos, deixando de reserva um veículo no município de Tarauacá. Como os ônibus costumam dar pane graças aos buracos da BR-364, essa foi a saída encontrada para não deixar os usuários a pé.
Encarregado de vendas, Francisco Virgulino disse à reportagem que a empresa também costuma dar palestras aos viajantes, a fim de alertá-los sobre o tempo de viagem, trechos mais críticos da estrada e possibilidade de que alguém passe mal durante o percurso.
Francisco conta que a empresa acaba gastando mais com óleo diesel, horas extras pagas aos motoristas e a manutenção dos veículos. Ele conta ainda que foi tomada a decisão – após consulta ao órgão responsável pela fiscalização – de retirar os para-choques dos ônibus, evitando, assim, outros prejuízos.
“Devido às condições da BR, a gente sempre pede aos nossos condutores que eles tenham atenção redobrada no caminho”, assegurou.