Cruzeiro do Sul/Ac: Há mais de três anos em obras, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de Cruzeiro do Sul está parada. Orçada em mais de R$ 3 milhões, a construção foi abandonada por uma empreiteira contratada pelo governo do Estado, sob a suposta alegação de prejuízos decorrentes do atraso nos pagamentos. O local virou moradia de sem-teto.
Localizada no centro de Cruzeiro do Sul, a UPA foi projetada para operar no terreno em que antes funcionava a escola estadual Craveiro Costa. Desativada, a unidade de ensino e os alunos foram transferidos para o bairro do Remanso, conhecido por recorrentes casos de violência.
A placa afixada no local informa que a obra deveria ser concluída em julho deste ano, tendo iniciada em outubro de 2015. Comerciantes da redondeza, porém, afirmaram à reportagem do ac24horas que a construção começou há mais de três anos.
Uma placa menor, remanescente do tempo em que os trabalhadores erguiam o prédio, avisa: “Não há vagas”. Hoje ela virou motivo de chacota entre os moradores das cercanias. “Não tem vaga pra outros sem-teto que querem morar aí”, brincou o estudante Jonas da Silva Ribeiro.
Cinco pessoas residem atualmente no que sobrou do almoxarifado e do escritório da empresa, que desistiu da construção. Entre elas o catador de latinhas Valderclei Aguiar Pedrosa, de 38 anos. Ele e o pai estão desempregados, e por isso ocuparam um dos cômodos anexos à obra, onde eram guardados uniformes e ferramentas de trabalho. Nos demais cômodos, um casal e outro homem vivem há cerca de dez meses.
O odor nos quartos é nauseante. Ainda assim, Valderclei diz preferir viver ali a dormir nas ruas. Ele e o pai compraram um cadeado e cerca de meio metro de corrente, com os quais trancam a porta todas as noites, antes de dormir.
Sem confirmação
Segundo o catador de latinhas, um fiscal da Secretaria de Obras do governo do Estado esteve na construção há algumas semanas, afirmando que a obra seria retomada em 2017. Mas a informação não foi confirmada.
A reportagem entrou em contato com a secretária de Comunicação do governo, Andrea Zílio, que por sua vez teria encaminhado a questão a representantes da Secretaria de Obras do Estado. Mas até o fechamento da matéria não houve retorno à solicitação de informações sobre a conclusão da UPA.