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Com dinheiro bloqueado, grupo da BBom demite 35

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A Embrasystem, dona da marca BBom, demitiu ontem pelo menos 35 funcionários da fábrica de rastreadores de veículos em Rio Preto sem pagar nenhum direito trabalhista. Em nota, a empresa admitiu a irregularidade, e culpou a Justiça Federal em Goiânia, que não teria liberado parte dos R$ 300 milhões, bloqueados em julho, para o pagamento das rescisões.


O bloqueio, em caráter liminar, foi pedido pelo Ministério Público Federal, que acusa a BBom de praticar pirâmide financeira, um crime contra a economia popular, na venda dos rastreadores. A empresa ainda é alvo de inquérito em São Paulo, suspeita de lavagem de dinheiro, no qual a Justiça Federal determinou, em setembro, novo bloqueio das contas da empresa, agora em um total de R$ 479 milhões, além do confisco de 49 veículos, a maioria de luxo.


Os funcionários demitidos trabalhavam na montagem dos rastreadores na Unepxmil, braço da Embrasystem localizada no Distrito Industrial Ulisses Guimarães, em Rio Preto. A maioria estava na empresa há quatro meses, com salário de pouco menos de R$ 1 mil mensais.

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Há divergências no número de demissões. Segundo os ex-funcionários, são cerca de 50, mas a assessoria da BBom confirmou 35 casos. De acordo com os ex-empregados, no dia 24 de outubro a Unepxmil anunciou que o grupo começaria a cumprir aviso prévio. Ontem, no entanto, a empresa telefonou para cada um dos ex-funcionários comunicando que não poderia pagar as rescisões.


“Disseram para eu procurar os meus direitos na Justiça porque não tinham dinheiro disponível. O engraçado é que para comprar carro de luxo a empresa tem”, critica Joice Cristina de Oliveira Moreira, 26 anos, que trabalhava na Unepxmil como auxiliar de produção.


Segundo Taynara Moreira Costa, 18 anos, que atuava na mesma função, a fábrica está há dois meses inativa. “A gente cumpria a nossa carga horária, mas sem trabalhar, porque tava tudo parado”, diz. Ontem pela manhã, os demitidos foram até o escritório da empresa, na avenda Brasilusa, para buscar suas carteiras de trabalho.


À tarde, parte dos ex-funcionários foi até o Sindicato dos Comerciários, ao qual são filiados, para ingressar com ações na Justiça Trabalhista. De acordo com o advogado da entidade, Airton Bertoni, nos próximos dez dias o sindicato vai ajuizar processos individuais para cada trabalhador lesado. “O direito deles é certo, mas pode haver demora na execução de uma eventual sentença favorável, já que todo o patrimônio da empresa está bloqueado.”


Em nota, o departamento jurídico da Embrasystem lamentou as demissões, e disse que “deseja efetivar o mais rápido possível o compromisso firmado com seus ex-colaboradores”, uma vez que “o grupo sempre respeitou e cumpriu todos os direitos trabalhistas até o presente momento, sendo que a empresa tem um índice muito pequeno de reclamações judiciais”.


A empresa alegou ter solicitado a liberação de parte dos recursos bloqueados pela 4ª Vara Federal de Goiânia para o pagamento dos salários e rescisões trabalhistas dos seus funcionários, mas o pedido foi negado. Há um recurso da Embrasystem no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, contestando o bloqueio judicial, ainda não julgado.


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