Quando o falecido governador Orleir Cameli abriu mão de concorrer à reeleição, em 1994, e ajudou Jorge Viana (PT) chegar ao Governo foi dado o início da era PT no Acre. Por ironia do destino, quem poderá pôr fim aos 20 anos de domínio petista no Estado é outro Cameli, no caso o sobrinho de Orleir, senador Gladson Cameli (PP). Isso se Gladson realmente for candidato em 2018 e não houver nenhum acidente de percurso até lá. O PT soube usar a oportunidade de comandar o Acre para montar uma estrutura política muito difícil de ser batida. E esse domínio passa pela questão do emprego. Num Estado dependente de recursos públicos o maior empregador é o Governo. Assim, em qualquer eleição, uma parcela significativa do eleitorado está “amarrada” à máquina. Mesmo com a decadência do PT em todo o Brasil a oposição acreana não tem conseguido, nos mais recentes pleitos, a diferença entre 2% e 3% de votos para virar o jogo. O desastre do Governo Dilma (PT) e as mudanças políticas no plano nacional não tiraram a força do PT acreano que continua muito forte nas eleições de 2016. Mais do que se poderia imaginar.
Um olho no peixe…
O candidato à reeleição em Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), lidera todas as pesquisas de intenções de votos com uma boa margem, em 2016. Se vencer a eleição será um candidato ao Governo muito forte, em2018. Poderá ampliar a era PT no Governo por mais quatro anos.
…outro no gato
Uma manobra simples tornaria Marcus um candidato ao Governo difícil de ser batido em 2018. Ele poderá deixar o PT para qualquer outra sigla da FPA. Com seis anos de prefeitura da Capital, caso vença em 2016, e o conhecimento da realidade do Acre, adquirida nos tempos do DERACRE, Marcus se tornará muito competitivo.
Assim é se lhe parece
Marcus Alexandre é um dos representantes do atual grupo político que está no poder do Acre há 17 anos. Uma vitória sua, seja para o cargo que for, representa a continuidade de um “projeto” que tem os irmãos Jorge e Tião Viana (PT) como seus principais mentores, não importando a sigla que esteja filiado.
Gosto pela “coisa”
É inegável que o técnico e engenheiro Marcus Alexandre se tornou um bom político. Aprendeu rápido. Manteve-se em campanha durante os quatro anos da gestão. Não deitou sobre os louros da difícil vitória de 2012. Se preparou para continuar a sua jornada política muito além da disputa da reeleição de 2016.
Não criem ilusões
Se Marcus Alexandre se reeleger prefeito da Capital, o atual presidente da ALEAC, Ney Amorim (PT) e a vice governadora Nazaré Araújo (PT) podem esquecer as chances de serem candidatos ao Governo, em 2018, pela FPA.
Guerreira
Também é inegável que a candidatura de Eliane Sinhasique (PMDB) à prefeitura de Rio Branco a tornará uma política mais forte, indiferente do resultado. Ela manteve-se firme no seu propósito, mesmo com as “chantagens” que enfrentou de outras lideranças da oposição durante a pré-campanha.
O jogo jogado
Ainda haverá dois debates entre os candidatos à prefeitura da Capital. E o eleitorado é sempre imprevisível. Apesar das pesquisas que apontam a vantagem de Marcus, o jogo ainda não terminou. O silêncio dessa campanha deixa muitas dúvidas no ar.
Quem ganha e quem perde
De uma coisa tenho a certeza, tanto Marcus quanto Eliane sairão fortalecidos das eleições de 2016. Se projetaram como lideranças políticas estaduais. Por outro lado, acho que algumas figurinhas carimbadas se tornarão “nanicos” na disputa de 2018.
Adversária escolhida
O tiroteio entre a turma do Ilderlei Cordeiro (PMDB) e da Carla Brito (PSB), em Cruzeiro do Sul, se intensificou nos últimos dias de campanha. Não entendi porque o grupo político do prefeito Vagner Sales (PMDB) escolheu a candidata da FPA para polarizar.
Sem informação
Não tenho notícias de pesquisas para a prefeitura de Cruzeiro do Sul. Devem ter sido feitas pelas coligações para consumo próprio. Mas aparentemente a candidata da FPA deve ter subido nas preferências. Senão não teria sentido essa “guerra” que foi declarada.
Sempre forte
Por outro lado, o candidato Henrique Afonso (PSDB) sempre teve um eleitorado fiel em Cruzeiro do Sul. Num colégio eleitoral relativamente pequeno, com a alta abstenção de todos os pleitos no município, acredito que ainda tenha as suas chances.
Reserva de luxo
O fato é que o prefeito Vagner Sales (PMDB) nunca brincou de fazer política. Seja quais forem os números das pesquisas internas é preciso saber das propensões de voto da zona rural. É ali que Vagner Sales sempre garantiu as suas vitórias.
Democrático
O deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) se tornou um político experiente. Tem ajudado vários candidatos a vereadores na Capital e no interior do Estado. Nem todos são do seu partido. Está retribuindo apoios que recebeu para se eleger em 2014.
A festa da democracia
Indiferente de análises e pesquisas, quem vai decidir quais serão os próximos 22 prefeitos do Acre será vossa excelência o eleitor. Até o próximo final de semana, ninguém ganhou e ninguém perdeu. Política é uma ciência que se faz com um olho no presente e outro no futuro. Achei interessante essa campanha curta e com pouco dinheiro circulando. As mudanças que o Brasil está passando no seu sistema eleitoral abrem as perspectivas de novos tempos com eleições cada vez mais justas e democráticas.