O policial rodoviário federal Cezar Henrique de Oliveira teria sacado uma arma de fogo e a apontado contra um dos médicos plantonistas do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), o Pronto Socorro, neste domingo, dia 10. O profissional da unidade de saúde teria se negado a atender uma jovem antes de ser feito o “Boletim de Entrada”, documento necessário ao atendimento.
Segundo apurou o ac24horas, o policial, acompanhado da filha que sangrava com um corte na cabeça, adentrou a unidade de saúde pelo setor de Trauma (a Emergência), que fica na lateral do Pronto Socorro. Ao ser informado que não seria feito o atendimento antes da emissão do boletim, teria o policial rodoviário ficado irritado, momento em que sacou a arma e intimidou os profissionais de saúde.
O caso, confirmado pela Assessoria da Secretaria de Saúde do Acre, já foi registrado na Delegacia de Flagrantes (Defla). Os profissionais que testemunharam o caso foram ouvidos pelo delegado Frederico Tostes.
VERSÃO DA SESACRE
“O que apuramos é que o PRF estava em lazer com a familia e a filha caiu e cortou a cabeca. Ao chegar ao PS, eles entraram direto pela lateral da Emergencia, todo ensanguentado, pedindo que o médico atendesse a crianca. O mesmo disse que primeiro, ele [PRF] deveria preencher o prontuario da crianca, pois este era o primeiro procedimento. O pai, irritado, sacou a arma e disse: “voce vai atender sim!” Uma terceira pessoa, um enfermeiro, foi quem apaziguou os animos e o convenceu a seguir o procedimento. O médico foi até a Defla, onde registrou uma ocorrencia contra o policial. O caso esta sendo apurado pelo delegado Frederico Tostes da Policia Civil, que ja recebeu a equipe de profissionais do Pronto Socorro. Um Termo Circunstanciado de Ocorrencia (TCO)esta sendo lavrado em desfavor do PRF por desacato e ameaca contra servidor publico no exercicio da função”.
VERSÃO DA PRF
O inspetor da Polícia Rodoviária Federal no Acre, Nelis Newton, disse que a instituição só vai se pronunciar oficialmente sobre o caso nesta segunda-feira, 11. Ele conversou com o agente, que confirmou o fato envolvendo o médico.
“De fato teve essa situação. Conversei com ele agora ha pouco. A filha dele estava com um sangramento na cabeça e ele levou ela para ser socorrida e parece que houve uma demora no atendimento e ele se exaltou.”
O inspetor adiantou ainda que o caso é particular. “A princípio é um caso particular, não tem nada a ver com a instituição em si. O posicionamento eu só vou poder dar a amanhã (nesta segunda-feira) formalmente. Vou chamar o policial e ele vai fazer a justificativa dele formal, aí vou poder dar um posicionamento sobre o que aconteceu.”
Nota Oficial do governo do Acre
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), vem a público lamentar a forma como atuou policial rodoviário federal, ao adentrar no Pronto Socorro do Hospital de Urgência e Emergência (Huerb) de Rio Branco, na manhã deste domingo, 10, que, com abuso de poder, tentou coagir e intimidar a equipe plantonista, empunhando uma arma de fogo, quando buscava atendimento para a filha.
A Sesacre ressalta que em nenhum momento a equipe se negou a prestar o atendimento, somente pediu que o mesmo fosse preencher o boletim de entrada com as informações da paciente, para dar continuidade ao procedimento. Contudo, o policial se negou a seguir a orientação do médico e de posse de um revolver exigiu o atendimento, causando pânico no local.
O caso está sendo apurado pela Polícia Civil, que atendeu a equipe de profissionais do Pronto Socorro. Um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) está sendo lavrado em desfavor do policial por desacato e ameaça contra servidor público no exercício da função.
Por fim, repudiamos a atitude do policial e nos solidarizamos aos profissionais da saúde, em especial aos do Huerb, onde ocorreu o episódio, que atuam com responsabilidade e ética, levando atendimento humanizado e adequado para quem necessita dos serviços no Acre.
Rio Branco – Acre, 10 de julho de 2016.
*Gemil Salim de Abreu Júnior*
Secretário de Estado de Saúde do Acre