A garantia de recebermos algumas viaturas e equipamentos para as polícias – em contrapartida ao envio de efetivos para reforçar a segurança dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro – não convence a população de que o governo tenha feito um bom negócio.
Abrir mão de policiais neste momento de crise na Segurança Pública para usufruir, mais à frente, de melhor estrutura no setor parece um risco demasiado para quem teme pagar o acordo com a própria vida.
Além do mais, a ser verdade, como dizem os agentes, que as viaturas policiais padecem com a falta de combustível, não será o aumento da frota a resolver a crise do setor. Ao contrário, mais tanques requerem maior consumo de gasolina, daí a descrença nas boas intenções do governo.
Sempre rápido no gatilho, o secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, tem resposta para todas as questões relacionadas aos muitos problemas de sua pasta. Pena que a rapidez e a elegância da sua oratória não sejam suficientes para dissuadir a bandidagem de cometer seus propósitos nefastos.
Em resposta à crescente onda de assaltos e homicídios na capital e em alguns municípios do interior, Emylson acena com um plano de ataque à criminalidade. Prometeu nesta segunda-feira, durante entrevista a um programa de rádio, que as polícias – inclusive da Rodovária Federal –, com o apoio do Exército, estarão nas ruas para debelar as ações criminosas.
Segundo ele, até o final do ano a população sentirá os resultados das medidas que sua pasta adotará com a ajuda dos parceiros citados. A meta é baixar em 39% os índices de crimes na capital – exatamente o percentual de aumento nos últimos meses, em relação ao mesmo período do ano passado.
Lidar com a criminalidade tem seus percalços, porém, sobretudo porque o fenômeno da violência decorre de inúmeros fatores, nem todos ao alcance da mão do Estado. Como exemplo podemos citar os crimes passionais, que ocorrem geralmente dentro das residências, onde, óbvio, o Estado não pode agir o tempo todo.
Outros fatores que contribuem com o aumento dos crimes advêm de fronteiras pouco vigiadas (uma obrigação do governo federal) e de leis ultrapassadas e em desacordo com a realidade brasileira.
Como pelas fronteiras entram as armas para abastecer as facções criminosas e a droga que escraviza uma juventude inclinada, devido ao vício, a engrossar as estatísticas da violência, o trabalho das polícias está sempre um passo atrás das facilidades encontradas pelos bandidos.
Como as leis penais brasileiras acabam por auxiliar os que se acostumaram a entrar e a sair do sistema prisional, prender criminosos e vê-los soltos em alguns meses se tornou a sina dos que costumam comparar o próprio trabalho à ingrata e inútil tarefa de enxugar gelo.
Cobrar do secretário Emylson Farias solução para os problemas da Segurança Pública é legítimo. Culpá-lo pela violência que nos ameaça, um exagero.