Sejamos honestos! Há mais fantasmas nesse quarto. Quando a Câmara dos Deputados cometeu o pior erro de sua história nessa semana, ficou evidente que sofremos de um mal que vai além das trapalhadas de parlamentares despreparados e sujos.
A não cassação de Natan Donadon foi algo grave, reflexo de uma constatação absurda: não basta apenas uma Reforma Política no Brasil, nem outra qualquer forma de resgatar da lama a imagem de um parlamento campeão em envergonhar a nação.
Ao pensar nos 131 deputados que votaram pela absolvição, além dos 41 que por um motivo ou outro se abstiveram, é natural que boa parte da população brasileira engendrasse uma rima de maldições e desprezo a essa classe.
Palavrões foram usados, piadas dos mais variados sabores surgiram, chacotas e gracejos vestiram o ideário já mal formado de personagens que, se fossem mais sérios, seriam capazes de mostrar sua importância vital e necessária em um regime democrático.
Mas se sairmos desse lugar comum, da “fuleiragem” criativa do sarcasmo, cairemos numa pergunta obvia: quem vota nessas pessoas, quem vota num parlamentar dessa espécie? Que evangélicos constroem essas bancadas que usam a bíblia para não ver um criminoso que foi condenado, pelos crimes de peculato e formação de quadrilha, a mais de 13 anos de prisão por desvios de R$ 8,4 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia?
A meu sentir, esse é o ponto determinante. Temos na Câmara Federal 131 pessoas que nos disseram que um criminoso deve continuar no parlamento. 131 pessoas nos informaram que, no lugar em que se decide o futuro na nação, nada mais natural que a presença de um sujeito do quilate de Donadon. E o que é pior, temos cidadãos que confiaram o voto nesses parlamentares comprometidos com a impunidade de um delituoso frequentador ilegal dos cofres públicos.
Em pouco tempo será a vez de figurinhas vermelhas passarem pelo mesmo evento. O partido que mais se “escondeu”, 23 deputados no total, e que faz tempo reinventou um novo conceito de ética, o PT, pode ter dado a prova clara de como se comportará no julgamento de cassação de seus parlamentares acusados do “Mensalão”.
Sejamos honestos! Enquanto a educação não mudar a mentalidade do eleitor, continuaremos reféns dessas personalidades. Se estão lá, é porque os colocamos, aceitamos suas frases mentirosas e desprezamos a política como função essencial da cidadania.
A continuar assim, não sairemos do talvez histórico, do quase bom, do melhor será. Iremos continuar contando os ratos, buscando novas cadeiras para nos proteger. Desiludidos pelo sempre que nunca muda, perderemos nossas forças em batalhas inúteis, e adormeceremos, quando sol mais belo se mostrar.
Por Francisco Rodrigues Pedrosa [email protected]