Em abril do ano passado, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Turismo lançou o programa:”#partiuacre”, criado para incentivar o turismo interno e motivar os acreanos a descobrirem e visitarem os pontos turísticos no interior e nas demais regiões.
No programa de incentivo ao turismo, foi incluída a Área de Proteção Ambiental do Amapá (APA), região onde foi construído o sítio em memória ao herói da Revolução Acreana, José Plácido de Castro.
Ás vésperas do aniversário do estado do Acre, comemorado neste 15 de junho, a reportagem do ac24horas foi visitar o espaço e encontrou abandono e revolta dos moradores do entorno.
O memorial está localizado no ramal da Pedra, com acesso pelo ramal do Pica Pau, distante 10 km de o centro de Rio Branco. Saindo da Via Verde, a estrada é de péssima trafegabilidade, estreita e com buracos do início ao fim.
Na entrada do sítio, 4 quiosques em alvenaria “dão as boas vindas”. Modernos e aparentemente recém construídos, os espaços estão tomados pelo mato. Placas na entrada indicam que foram erguidos para servir como ponto de apoio para potenciais turistas que visitassem o local, mas nunca funcionaram.
Mais a frente, seguindo em direção memorial, estão as placas que um dia informavam os visitantes sobre o que iria encontrar pela frente. As letras se apagaram com a ação do tempo. Adiante existe uma ponte, ou melhor, parte dela. Quase metade dela ruiu, e oferece arriscada e perigosa passagem para quem se arrisca atravessa-la.
A reportagem se deparou com uma moradora que voltava da escola onde foi buscar os quatro filhos. Perguntada se tinha receio de encarar a travessia, a mulher respondeu: “ Rezo antes de passar aqui com meus filhos”.
Erguida em madeira, a ponte é o único acesso até o local onde estão erguidas 4 estátuas em tamanho natural, onde estão retratadas as cenas da emboscada onde foi assassinado o herói da Revolução Acreana, no dia 9 de agosto de 1908. O local das estátuas está limpo, bem cuidado, ao contrário do restante do memorial.
Na lápide de Plácido de Castro, a placa que narra parte da história da emboscada que sofreu está parcialmente apagada. Nos mastros, nenhuma bandeira e ao redor do túmulo, cavalos e bois pastam depositam suas fezes.
SETUL diz ninguém se interessou em assumir o memorial[
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Em nota enviada á reportagem, a secretaria Estadual de Turismo, Rachel Moreira, disse que o governo tentou por três vezes terceirizar a administração do espaço mas não apareceu interessados. A nota diz ainda que o estado vai contratar uma empresa para assumir o local, depois que a PGE acenar com o parecer de legalidade.
Em relação a ponte, diz o documento, que o principal motivo para a destruição da travessia foi o tráfego de carroças e de motos, utilizadas pelos moradores da região, além de sofrer com as ações da enchente do rio.
A secretária ainda observou que a empresa que vai assumir o espaço, pelo contrato, terá de reformar a ponte.
Mas a versão da SETUL é rebatida pela comunidade. Cezarino de Oliveira Moreira, de 73 anos, 53 deles vividos no ramal, disse que há mais de doze meses a ponte está intrafegável, e nega que as moradores utilizassem carroças na travessia.
“ A ponte é estreita, não tem como passar carroça ali. E se passasse, pra onde iria? Eu já vi gente tentando passar de moto mas nós não deixamos, justamente pra não estragar a ponte. Agora dizer que foram os moradores que estragarem isso não é verdade. Eles deveriam era vir aqui, porque desde 2014 não aparece ninguém do governo aqui”, disse o agricultor.