A reação do governador Sebastião Viana (PT) a um simples cidadão de Manoel Urbano, que lhe questionou as afirmações feitas sobre o programa Ruas do Povo, revela o verdadeiro caráter de quem não admite a divergência. O contraditório.
Não é à-toa que seus assessores estão sempre prontos a endossar-lhe as opiniões, por mais disparatadas. Faça um teste, governador: diga aos seus “súditos” que é o sol que gira em torno da Terra e observe como eles sequer refletirão sobre o assunto, prontos a concordar com a sua proposição medieval.
De volta ao pobre homem que foi contestar as afirmações de Sebastião, o vídeo gravado por populares prova que o primeiro nada fez além de exercer o direito ao contraditório, ao qual o segundo reagiu com maus-modos e ofensas.
Como se não bastasse a descompostura que Sebastião Viana passou no pobre coitado, sua segurança particular apressou-se em removê-lo do local como prova definitiva de que as contrariedades nunca foram bem-vindas no ambiente dominado pelo governo.
O gesto de uma autoridade que tem o microfone nas mãos e a assistência militante a seu favor, e investe contra um simples cidadão cuja única arma é a coragem, deveria bastar ao vislumbre da covardia que se configura o ato em si.
Não bastasse, pois, a desproporção envolvida no confronto, tendo do outro lado um humilde cidadão que se vê impelido – independente dos motivos – a questionar a encarnação do poder entre nós, ainda vem a segurança particular deste último com o convite nada constitucional para que aquele deixasse o ambiente.
Mas a arbitrariedade, nesse caso, por incrível que possa parecer, é menos grave que o achincalhe feito por um político com mandato contra um mero eleitor. O descontrole chegou ao ponto de Sebastião chamá-lo de vagabundo e vendido, antes de aconselhar que fosse trabalhar.
Não há regra à condução pessoal das autoridades, mas o há para a conduta moral dos que ocupam cargos relevantes na administração pública. E, convenhamos, esse princípio foi ignorado por Sebastião Viana.
Ao redarguir, como o fez a um simples homem do povo, acusando-o de tumultuar um evento oficial em troca de dez reais, o governador de todos os acreanos acabou por nos dividir em duas classes distintas: a que pertence por filiação ou simpatia ao seu partido e aquela que precisa calar-se por dele não fazer parte ou com ele não comungar.
E não será de calmantes que precisa Sebastião, já que estes nunca deram a ninguém a noção de proporcionalidade, respeito ao outro e tolerância com as divergências.
O petista que governa o Acre necessita mesmo é compreender que seu governo não está acima das leis – e ele tampouco a salvo das críticas feitas por quem não se satisfaz com seu desempenho.