Televisão

Fernanda Vasconcellos encara dilema moral com traficante de bebês de Três Graças

Por
UOL

O retorno de Fernanda Vasconcellos às novelas da Globo desafia a própria bússola moral da artista. Longe das mocinhas que marcaram sua trajetória na televisão, ela recebeu em Três Graças a missão de dar vida à misteriosa e cruel Samira, uma mulher envolvida em um esquema de tráfico de bebês e feita para chocar o público. Para a artista, o novo desafio representa um divisor de águas em sua carreira, especialmente pelo distanciamento ético que sente em relação às atitudes da personagem.


“Eu estou muito feliz com essa retomada, muito feliz com essa personagem, porque é a primeira vez que eu faço uma personagem que não consigo meios para defender os atos. Ela se justifica com base na vivência, mas é uma forma muito distorcida de ver a realidade. Então, como atriz, eu gosto de estudar e de ir atrás, eu acho que Deus me deu um presente assim, mesmo”, revelou Fernanda em conversa com o Notícias da TV nos bastidores de Três Graças.


“Eu já fiz muita mocinha, né? Então, o público chegava em mim de uma maneira muito carinhosa. E agora eu sinto o público reconhecendo o meu trabalho. É como se eu tivesse amadurecido como atriz, sabe? Tem um carinho para com o meu trabalho, e não com a personagem. Essa é a diferença”, analisou a atriz.


O enredo ganhou contornos dramáticos a partir do acordo entre Samira e Joélly (Alana Cabral). Fernanda especulou que a venda da criança, neta da protagonista Gerluce (Sophie Charlotte), deve mesmo se concretizar em algum momento da trama, imaginando que, após o nascimento, Joélly entregará o bebê para a vilã. No entanto, a atriz admitiu que ainda não sabe como a mãe biológica tentará recuperar o filho futuramente.


A complexidade da personagem fez com que Fernanda refletisse desde as primeiras leituras do roteiro sobre a verdadeira natureza de Samira. “Eu me questionava, quando eu comecei a ler essa personagem, que eu sabia menos coisas do que eu sei agora, se ela era uma bandida ou se ela era ilegal. A Samira está sendo ilegal, mas ela é uma pessoa bacana ou não? E eu continuo ainda com esse dilema”, confessou a artista.


“Porque a Samira acredita que a criança vai ter uma vida melhor. Ela acredita que as crianças, que são criadas por pais com dinheiro, têm uma vida melhor. E não é necessariamente isso, né? A criança precisa, agora eu que sou mãe de um pequenininho, a gente vê que é amor. É mãe, é pai, não dinheiro”, disse ela, mãe de Romeo, de três anos.


Para construir essa figura controversa, Fernanda apostou na suavidade e no acolhimento como armas de manipulação. Ela descreve Samira como alguém que vai entrando na vida das pessoas de maneira sutil, como “uma faca na melancia”, ganhando a confiança de todos antes de “dar o bote”.


Todavia, Fernanda assumiu que não tem ideia de qual será o destino da traficante e destacou que a personagem não demonstra medo, talvez por já ter atingido um limite emocional devido a sofrimentos passados –pelo menos baseando-se no histórico já revelado no folhetim de Aguinaldo Silva.


“Vai ser interessante, a trajetória da Samira é densa e é interessante. Ela está aí para movimentar, né? É uma personagem misteriosa, que pode ir para todos os lugares, assim, de todos os lados. Eu acho que a Samira pode trazer qualquer possibilidade. Ela é um mistério”, disse.


Trabalhando com poucos capítulos de antecedência, Fernanda Vasconcellos encara o mistério da trama das nove como um combustível para sua atuação. Ela explicou que se baseia na veracidade das palavras da personagem para conseguir enganar o público e os outros personagens com convicção.


“Eu não sei onde ela mora, por exemplo. Como é que ela mora? Ela se veste de uma forma diferente. E isso faz parte da composição também. A gente constrói o embate na sutileza, sem ser num embate. Justamente para ela continuar sendo uma incógnita ali”, completou.


Compartilhe
Por
UOL