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Acre enfrenta aumento de casos graves de HIV

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Da redação ac24horas

O Acre está entre os estados brasileiros que vêm registrando aumento preocupante de pacientes jovens internados com quadros graves de HIV/Aids em razão da falta de tratamento adequado. O alerta foi feito pelo infectologista e hepatologista Thor Dantas, em vídeo publicado nas redes sociais, neste domingo, 28.


Segundo o médico, o cenário atual representa um retrocesso diante dos avanços científicos que transformaram o HIV em uma condição crônica, controlável e com tratamento eficaz.


“Não é aceitável essa realidade mais em 2025”, afirmou. Ele relata que o serviço de referência onde atua ficou, ao longo deste ano, com leitos ocupados por pacientes jovens em estado grave, muitos deles evoluindo para sequelas ou óbito.


Thor destaca que, hoje, pessoas HIV/Aids e que seguem corretamente o tratamento têm expectativa e qualidade de vida semelhantes às de quem não tem o vírus.


“Quem se cuida, toma seus remédios e faz seus exames tem qualidade e tempo de vida exatamente igual a quem não tem a infecção”, explicou.


Ao comentar especificamente a situação do estado, o infectologista foi direto. “O Acre está entre os lugares onde estamos vendo esse descontrole, com pacientes jovens internados, com quadros avançados, morrendo ou ficando gravemente sequelados”.


Para ele, a principal causa está na combinação de baixa testagem, diagnóstico tardio e abandono ou ausência de tratamento.


Diante disso, o médico cobra a ampliação urgente de campanhas de conscientização voltadas especialmente à juventude. “É preciso campanhas modernas e eficientes, com linguagem atual, usando redes sociais, parcerias com influenciadores, artistas e personalidades”, defendeu.


O objetivo, segundo ele, é explicar como o HIV se transmite, como se previne, como funciona o tratamento atualmente e quais são as consequências de não se cuidar.


Outro ponto central levantado pelo especialista é o fortalecimento da chamada prevenção combinada, que inclui o uso de preservativos, a ampliação do acesso à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e à PEP (Profilaxia Pós-Exposição).


Ele lembra que a PrEP, quando utilizada corretamente, reduz de forma significativa o risco de infecção. “Se fosse usada por quem precisa, evitaria um grande número dessas mortes que estamos vendo entre jovens”, afirmou, defendendo que a PrEP seja disponibilizada de forma ampla na Atenção Primária à Saúde.


Sobre a PEP, o especialista reforça que se trata de uma emergência médica. “A PEP precisa estar disponível 24 horas por dia em todas as unidades de pronto atendimento, com campanhas explicando quando e como usar”, disse.


O infectologista também defende a ampliação da testagem rápida em locais além das unidades de saúde, como universidades, eventos, festas e espaços de grande circulação. “As pessoas precisam ser estimuladas a se testarem todas as vezes na vida que tiveram relação sem camisinha”, alertou.


Por fim, Thor Dantas destaca a importância de fortalecer o monitoramento, as ações junto a populações vulneráveis e a parceria com plataformas digitais e aplicativos de relacionamento. “Não é possível mais ver tantos jovens morrendo de uma doença como essa hoje em dia. As ferramentas existem. Precisamos agir”, concluiu.


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Da redação ac24horas