Enquanto em Rio Branco os vereadores estão insatisfeitos com a direção da Mesa Diretora da Câmara Municipal, na pessoa do Joabe, em Cruzeiro do Sul, o presidente, vereador Elter Nóbrega, tem a aceitação e aprovação dos colegas. Elter tem bom entendimento com os pares e não enfrenta dificuldade na gestão da Casa do Povo da segunda maior cidade do Acre.
Inflação
Mesmo que em parte, a alta da cesta básica em Rio Branco, na contramão do país, isola o Acre em um cenário de carestia que corrói o capital político governista e pressiona a gestão estadual por medidas de incentivo à produção local. Quem não acredita, veja como ficou a tabela das carnes neste fim de ano.
Distorção
Enquanto o Brasil celebra alguma deflação nos alimentos, o consumidor acreano enfrenta um Natal mais caro, segundo os dados de novembro do Dieese, evidenciando falhas logísticas e a dependência crônica de mercados externos que encarecem a mesa no extremo oeste.
Paradoxo
O aumento do salário mínimo para R$ 1.621 em 2026 traz alívio, mas o ganho real de 2,5% corre o risco de ser neutralizado no Acre, caso a inflação regional de alimentos continue superando a média nacional.
Prefeituras
O novo piso salarial impactará severamente os municípios acreanos, onde 10,7% dos servidores recebem o mínimo; prefeitos eleitos em 2024 iniciarão 2026 com o desafio de equilibrar folhas de pagamento sob o novo arrocho fiscal.
Injeção
Os R$ 81,7 bilhões injetados na economia nacional pelo novo mínimo terão reflexo vital no comércio de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, setores que dependem do consumo da baixa renda para sustentar o crescimento.
Estratégia
A oposição acreana deve usar a disparidade de alguns preços como munição eleitoral para 2026, vinculando a alta dos alimentos a uma suposta ineficiência das políticas de abastecimento e fomento agrícola vigentes.
Dependência
O impacto do reajuste na Previdência é crítico para o Acre, estado com alta densidade de beneficiários do INSS, tornando o fluxo de recursos federais o principal motor da economia em municípios isolados do interior.
Logística
O Natal nas comunidades isoladas, dependente de caravanas fluviais, mostra que o custo do transporte eleva os preços e transforma o direito básico à alimentação em uma complexa operação política e humanitária -e, por isso mesmo, tem de ser feito.
Horizonte
O começo de 2026 reserva o mesmo cenário de polarização na política: de um lado, a valorização real do salário mínimo como trunfo federal; de outro, a realidade local de preços altos que testará a resiliência do eleitorado acreano.
Culpados
A rotina é a mesma todo ano: nas primeiras cenas de alagamento de bairros em função das chuvas, alguém se lembra de cobrar da Prefeitura de Rio Branco “obras estruturantes”. É um cenário em que há vários responsáveis. Não é apenas o prefeito Bocalom.
Luzes
Se alguém cometer a lucidez de relacionar as justificativas do prefeito para o gasto com celebrações natalinas e cobrir a fala com as imagens divulgadas pelo ac24agro ou pelo acplay, vai abarcar apenas uma das digitais.
Movimento popular
Aonde foi parar o Movimento Popular? Aonde foi parar o Orçamento Participativo, as assembleias dos bairros? É simplório e até injusto responsabilizar apenas a Prefeitura de Rio Branco pelo caos.
Não tem
A assessoria do prefeito divulgar que Bocalom se emocionou ao entregar panetones a pessoas em situação de rua é triste. Por tudo o que o ato implica. Da mesma forma como não se deve ficar esperando por quem não vem, não se pode querer ter do prefeito algo que ele não tem a dar.
Essência
Há um problema de essência, de refino, de sensibilidade. Atributos que Bocalom não tem. Pode-se (e deve-se) exigir o máximo do gestor. No entanto, a coluna alerta que ele não tem a dar. O aviso é necessário para não frustrar o leitor ainda mais. Há limites graves.
Diferenças
A coluna comete a ousadia de fazer uma breve explicação. Existe uma diferença conceitual entre as expressões “ação social” e “assistência social”. São coisas muito distintas.
Explicando
Para facilitar a comunicação: entrega de panetone, sacolão, brinquedos, sopas, normalmente, estão mais vinculadas a uma ação social. Trata-se de uma medida pontual, sem relação direta com a política pública de Assistência Social.
Defesa pública
O vereador Márcio Mustafá (PSDB), líder do prefeito Tião Bocalom (PL) na Câmara Municipal de Rio Branco, saiu em defesa do chefe do Executivo municipal e divulgou uma nota de repúdio nas redes sociais. A manifestação ocorreu após um episódio que ganhou grande repercussão na internet.
Cena inusitada
A indignação do parlamentar foi motivada por uma ação protagonizada pelo juiz aposentado e advogado Edinaldo Muniz, que tentou entregar ao prefeito um “presente” sugerido em uma enquete feita nas redes sociais do próprio jurista: um vidro de óleo de peroba e um boneco do personagem infantil Pinóquio. A cena aconteceu em um supermercado da capital acreana e viralizou rapidamente.
Incômodo nos bastidores
Aliados da gestão de Tião Bocalom demonstram incômodo com as publicações recorrentes de Edinaldo Muniz. Nos bastidores, há quem avalie que as críticas tenham como pano de fundo uma tentativa de projeção política, mirando as eleições do próximo ano, após a derrota do jurista na disputa por uma vaga de vereador em 2024.
Fala que repercute
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, voltou a fazer críticas à Prefeitura de Rio Branco e ao Governo do Estado. Em entrevista à TV 5, deixou no ar que, a depender dos desdobramentos envolvendo o governador Gladson Cameli, poderá repensar sua candidatura ao Senado — e até considerar voos mais altos. Nada oficial, mas a sinalização foi suficiente para agitar o cenário político.
Virada sem show
Diferentemente dos últimos anos, o governo estadual não deve promover show nacional na virada do ano. Vale lembrar que esta será a última passagem de ano da atual gestão de Gladson Cameli à frente do Palácio Rio Branco.
Bom senso
Um internauta que viajou ao Espírito Santo notou algo raro por aqui: bom senso. Lá, viu o governador Renato Casagrande chegar a um evento cultural de forma discreta, com dois seguranças e sem blindados. No Acre, autoridades costumam aparecer com comboio, carros blindados e dezenas de seguranças, num exagero que parece mais espetáculo do que necessidade.
Rio Branco ao léu
O mesmo internauta também observou algo ainda mais raro: cidades bem cuidadas. Praças limpas, quadras esportivas conservadas, espaços públicos que realmente convidam as pessoas a usar. Um contraste gritante com a nossa capital, que parece viver largada à própria sorte, com equipamentos públicos deteriorados e manutenção que só aparece em época de promessa. E aí fica a pergunta, feita com sinceridade e um toque de ironia: tirando o Parque do Ipê, qual outro lugar bonito Rio Branco tem hoje para simplesmente parar e tirar uma foto? Talvez o problema não seja falta de recursos, mas de prioridade. Ou, quem sabe, de bom senso mesmo.

