Glaura Lacerda interpreta Gisleyne em Três Graças: ela teve nome trocado no processo de criação - Fabio Rocha/TV Globo
Glaura Lacerda estreia na televisão em Três Graças interpretando Gisleyne, a cozinheira da mansão de Arminda (Grazi Massafera). A personagem tem chamado a atenção do público por causa do humor involuntário e pela insistência em corrigir quem erra seu nome. Segundo a atriz, isso nasceu depois de uma mudança feita ainda no início do processo de criação.
“O nome é ótimo, foi alterado ainda no início do processo. A personagem se chamaria Francisca. Porém, por conta da Chica [Rejane Faria] –sogra do porteiro Rivaldo [Augusto Madeira]–, optaram pela mudança. Quando chegou Gisleyne, eu simplesmente amei. Os Silvas sabem das coisas”, afirma Glaura, referindo-se aos autores da trama, Aguinaldo Silva, Zé Dassilva e Virgílio Silva.
Segundo ela, o ajuste foi decisivo para o funcionamento da personagem em cena. A atriz avalia que a repetição das correções do nome ajuda a criar identificação imediata com o público.
A situação vivida por Gisleyne na ficção dialoga diretamente com a experiência pessoal de Glaura. “Durante toda a minha vida, tenho que citar meu nome mais de uma vez quando vou me apresentar. Quando criança, era difícil para mim, porque eu queria corrigir toda hora, igual a Gisleyne. Hoje, levo mais na esportiva”, conta.
Laboratório em cozinha
Para construir a dinâmica da personagem como empregada da vilã Arminda, Glaura buscou referências fora do estúdio. “Tive o privilégio e a oportunidade de realizar uma imersão em uma cozinha dominada majoritariamente por mulheres, localizada em São Paulo”, lembra.
Ela explica que observou comportamentos reais para incorporar à sua atuação. “Dá para perceber uma movimentação de querer agradar à patroa e uma busca genuína de validação dos esforços na cozinha.”
A atriz ressalta que esse processo foi fundamental para dar naturalidade à personagem. “Foi muito interessante e legal poder emprestar isso para a Gisleyne. Afinal, são condutas, posturas e reações que não faziam parte da natureza de Glaura Lacerda”, aponta. Segundo ela, a personagem reage de maneira instintiva às durezas da patroa.
Estreia na TV e língua solta
Com 18 anos de carreira no teatro, Glaura destaca que a televisão traz uma nova dimensão ao seu trabalho. “O que mais muda, além da realização de um sonho, é fazer parte de uma obra aberta –cheia de possibilidades– e acompanhar de perto a reação do público a cada novo capítulo”, comenta.
Gisleyne se envolve em uma situação delicada ao falar demais sobre o roubo da estátua durante um encontro com Juquinha (Gabriela Medvedovsky) no mercado. “Ela não fala por malícia, não é uma fofoqueira-nata.”
Para a atriz, o impulso da personagem está ligado à necessidade de se conectar com as pessoas ao redor. “Digamos que ela seja uma pessoa ‘muito comunicativa’, que quer se aproximar, criar vínculos, e às vezes acaba falando em momentos inadequados –prefiro chamá-la de ‘Fofoquerida'”, declara.
A atriz avalia que a cena evidencia traços centrais da personagem e antecipa possíveis consequências. “Nessa cena, é possível identificar características marcantes da Gis: ingenuidade, simplicidade, inocência e a habilidade de se colocar em uma saia justa por falar demais”, aponta.
Para Glaura, a reação do público passa justamente por esse reconhecimento. “Quem nunca viu alguém que falou demais e acabou se dando mal?”, indaga.